Poemas : 

Cria[tu(r)a]

 

Ele era um filho da luta,
Um filho da puta,
Pois esta era a profissão
Daquela que o pariu no lixão.

Da rua foi parar numa instituição
Onde a criação foi rígida e dura.
Lá, com outros iguais, seus irmãos,
Aprendeu a maldade humana pura.

Já maior de idade, maior profissional
Aprendeu todas as artimanhas carcerárias.
Fez carreira explodindo agências bancárias
Após ter sofrido abuso social e sexual.

Agora era pior do que o mais fero animal.
Seus olhos faiscavam sangue e muito ódio.
durante todo o dia se dedicava ao ócio.
Na calada da noite nunca estava normal.

Fumava maconha, crack, cheirava cocaína;
Assaltava transeuntes e motoristas no sinal;
Estuprou várias vezes a mesma menina;
A vida para ele não tinha doce e não tinha sal.

Preso mais uma vez caiu no sistema prisional.
Discutiu com outro preso por causa de um cigarro.
Entretanto desta vez suas atitudes saiu muito caro:
Foi morto com vários golpes de faca e de punhal.

Seu corpo morto ficou jogado no quintal.
Dez horas demorou para chegar o rabecão.
Seu corpo morto estirado, sangrando pelo chão,
Indicava que sua vida bandida chegava ao final.

Seu corpo foi para o instituto-médico-legal
Onde abriram seu crânio e pesaram seu coração.
Cavaram um cova rasa com uma pá cheia de cal
Para que se adiantasse seu estado de decomposição.

Não teve dizeres no epitáfio na lápide em frente.
Apenas uma placa na cruz, com um sinal
Dizendo: Aqui jaz um indigente.




Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
538
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.