Poemas : 

Memória da Lâmina

 
Navegando no firmamento, contemplando o invisível,
caí no vórtice do universo em colapso.

Despatriada de mim, lambi as feridas e a lâmina,
provei o sabor metálico do sangue e do aço.
Atravessei os rios de veneno e esquecimento,
e ruas por onde nem todos os anjos caminham.
Das esquinas onde até Deus duvida,
trago na pele a lembrança de como arde o gelo.

Em dias serenos ou de plena fuga,
de silêncio ou arrebatamento,
entre o fervor e a anemia,
os impulsos, os pulsos e o desconcerto,
com a morte desfeita, aquecida de dentro pra fora
e de fora pra dentro.
Após o pousio, sou como a terra revirada e nua,
à espera do fogo, das cinzas, da semente da nova vida.

Afinal, não é a chama branda ou alta
que desencanta ou desabriga,
mas sim o frio que faz morrer o que clama e queima.

 
Autor
Aline Lima
 
Texto
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