Pobre quem desconhece o devaneio,
Quem sorve e traga dizeres (mal) feitos,
Foge e escarnece dos becos estreitos,
E entre o ser e o não ser quer o do meio.
Foi em vagas de tempo que o amor veio,
Tantos escolhidos, nenhuns eleitos,
Tanto era o amor de amores imperfeitos,
Que o amor se foi no seu próprio seio.
Do teu riso ao siso, onde estás meu passo?
Uma só boca, um só toque do traço,
Ó tristeza vã dos olhos vertida!
Corro atrás de mim, mas nunca me caço,
Para gravar na memória traída,
Que a maior riqueza é desconhecida.
14 de Julho de 2010