Poemas : 

O Silêncio de Narciso

 
Há um traço na tua boca
que me chama de volta
antes do espanto e do salto.

(Eu?
Nem sei se ainda era,
tua íris, meu oráculo.)

Acendo teu nome
com a mão esquerda,
numa parede que não existe,
onde a água move a face.

Às vezes,
te pressinto no vazio,
beijo a sombra que me deixas.

Não há certeza,
há visagem,
fio da promessa que me cabe.

Me debruço
no que vibra atrás da tua nuca.

E se é reflexo,
também é brilho que hesita,
é flor que não abre.

Te vejo
e sou quase
nos teus olhos que me atravessam,
antes do espelho virar névoa.

Talvez errada,
mas ainda inteira.




 
Autor
Aline Lima
 
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