Domingo, 02 de novembro – Dia de Finados
Levantara antes das seis da manhã, o tempo nublado e sem sol, mesmo assim seguiu para quintal onde fora lavar e enxaguar suas roupas – seis peças: quatro camisas de meia e duas bermudas que estavam de molho desde ontem a tarde. NO começo da noite o filhote apareceu e devolveu-lhe os três livros qu’ele lhe emprestara uns meses atrás.
- Pai, tenho boas novidades – disse após sentar-se ao lado do velho que assistia o you tube.
O velho olhou-o e balançou afirmativamente a cabeça. – Até que fim – pensou.
- Arranjei um emprego num frigorifico no interior do Pará e quinta feira as cinco e meia eu tô embarcando. Mandaram a passagem, vou ter refeição, alojamento e outras vantagens como plano de saúde. É um salario, mas tem uns penduricalhos que vale apenas. Melhor que ficar aqui desempregado.
- Legal – respondeu o pai surpreso, pedira a Deus que abençoasse um emprego para o filho, mas não tão longe assim.
- Na segunda, vou me vacinar, já arrumei minhas coisas e estou comprando os produtos de higiene.
O filhote feliz com essa nova perspectiva. Há muito sonhava com emprego como esse, tanto que enviara seus currículos a várias empresas de fora. O pai feliz, mas preocupado.
- A benção pai, talvez seja a ultima vez que nos vemos – disse ao estender a mão para ser beijada. O pai se assustou e replicou:
- Quê isso, filho, não diga isso. Ainda nos veremos sim. Quem sabe quando eu me aposentar posso visita-lo.
O pai o acompanhou até a porta da rua. Se abraçaram.
- Bon voyage, mon fils cher! E escreva – deu-lhe o endereço e o numero do celular da Sra. Vince. – Que Deus te proteja e abençoe!
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