Poemas : 

CEM SONETOS DE AMOR

 


Soneto - XLVIX



É HOJE: todo o ontem foi caindo

entre dedos de luz e olhos de sonho,

amanhã chegará com passos verdes:

ninguém detém o rio da aurora.



Ninguém detém o rio de tuas mãos,

os olhos de teu sonho, bem-amada,

és tremor do tempo que transcorre

entre luz vertical e sol sombrio,



e o céu fecha sobre ti suas asas

levando-te e trazendo-te a meus braços

com pontual, misteriosa cortesia:



por isso canto ao dia e à lua,

ao mar, ao tempo, a todos os planetas,

a tua voz diurna e a tua pele noturna.

...............................................



Soneto - L



COTAPOS disse que teu riso tomba

como um falcão de alguma brusca torre

e, é verdade, atravessas a folhagem do mundo

com um só relâmpago de tua estirpe celeste



que cai, e corta, e saltam as línguas do orvalho,

as águas do diamante, a luz com suas abelhas

e ali onde vivia com sua barba o silêncio

rebentam as granadas do sol e as estrelas,



vem abaixo o céu com a noite sombria,

ardem à lua cheia, sinos e cravos,

e correm os cavalos dos talabarteiros,



porque tu sendo tão pequeninha como és,

do teu meteoro deixas cair o riso

eletrizado o nome da natureza.


Pablo Neruda
( 12/07/1904 — 23/09/1973)
Autores Clássicos no Luso-Poemas



Soneto XLIX

Es hoy: todo el ayer se fue cayendo
entre dedos de luz y ojos de sueño,
mañana llegará con pasos verdes:
nadie detiene el río de la aurora.
Nadie detiene el río de tus manos,
los ojos de tu sueño, bienamada,
eres temblor del tiempo que transcurre
entre luz vertical y sol sombrío,
y el cielo cierra sobre ti sus alas
llevándote y trayéndote a mis brazos
con puntual, misteriosa cortesía:
Por eso canto al día y a la luna,
al mar, al tiempo, a todos los planetas,
a tu voz diurna y a tu piel nocturna.


Soneto L

Cotapos dice que tu risa cae
como un halcón desde una brusca torre
y, es verdad, atraviesas el follaje del mundo
con un solo relámpago de tu estirpe celeste
que cae, y corta, y saltan las lenguas del rocío,
las aguas del diamante, la luz con sus abejas
y allí donde vivía con su barba el silencio
estallan las granadas del sol y las estrellas,
se viene abajo el cielo con la noche sombría,
arden a plena luna campanas y claveles,
y corren los caballos de los talabarteros:
porque tú siendo tan pequeñita como eres
dejas caer la risa desde tu meteoro
electrizando el nombre de la naturaleza.

 
Autor
Pablo Neruda
 
Texto
Data
Leituras
2646
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.