mil tons de azul abaixo da superfície
Fechou os olhos e equilibrou o sentimento para tocar a linha esticada e poída quase ao ponto de se romper. Assim, de olhos fechados, se sentia mais confortável para melhor sentir a extensão da fragilidade do afeto. Talvez a causa do desfio tivesse nascido de si por não ter aprendido a transmitir a intensidade do que lhe residia ou, tenha sido pela insatisfação do elo que segurava o outro lado da ponta, por querer tramas grossas e coloridas. É certo que nunca fora de carregar ramalhete de flores e nem tampouco sobejar mel das palavras...Mas será que nunca foi percebido o bater de quatro asas durante os voos dentro dos círculos de cada abraço... Nunca foi observado o marulhar do mar, as praias e o azul no alto esticado ao máximo para se estampar de todos os alados imagináveis, quando labios se queriam e se juntavam? Nunca foi sentida a brisa fresca, ainda úmida da madrugada, quando olhares, pelas manhãs, se misturavam? Então assim, de pálbebras descansadas naquela introspecção, entendeu que doces palavras não requerem esforços para compreensão e... Como são bem vindos os imediatos afagos banais ... Como é difícil captar as profundezas de um sentimento que só quer bem. Não, não iria engomar a linha para dar impressão de resistencia. Se do lado outro o puxão se detivesse firme restaria o rompimento da ligação e seu próprio mergulho para os reinos abissais.
um despenhadeiro balançando
Minhas mãos agora têm os calos
do escultor...
Desde que a estrada te levou
um horizonte bambo me seduz e
é sempre noite para que meus olhos
se percam para nunca mais te achar.
Talvez por isso, nos sonhos,
fico amontoando pedras
e vou subindo em cada noite
uma pedra até um dia ser a montanha,
que, do alto, pelo menos,
reduzirá o ponto de te lembrar.
Pacificantes
Para o reino desumano fugir irei,
fugir iremos,
para beber da inocência
dos irracionais animais .
Dos sentimentos humanos,
distanciarei,
distanciaremos,
como pássaros em debandadas
deixando para trás
o chão das humanas mãos
que dilaceram tudo
com espadas
Quem deveria mudar?
Ele era céu relampejante. Sua voz estremecia o chão e o seu coração quando queria acariciar
galopava desenfreado à beira mar querendo se misturar em altas ondas de espuma. Ela era folha deitada no vento. Seu caminhar era o deslizar no lago, o cisne, desenhando ondas no silencio. Ela era a quietude prateada caída da lua. Ela era a valsa da poesia discreta porém, nua. Ele tateava o tempo atrás de um vulcão. Do vermelho quente consumindo carvão. Ela dedilhava harpa recostada em nuvens. Ele queria as curvas venenosas da serpente. Ela queria apenas amar, amar suave, para sempre!
Braços e pássaros
Triste, como triste é o ocaso,
cheia de estampas eu vou
em cores vivas e em cada passo
marco o descer do sol
em plenitude despedida.
Meus braços abarcam o céu
e anoiteço em pedaços,
vou c' os pássaros pela noite
derramo meu sereno, lances de
dualidades; antídotos e venenos.