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FOLHA CAÍDA

 
FOLHA CAÍDA



Não rasgo o tempo
Nem o vento
De cabeça erguida
Como o fazia antigamente!

Agora sento-me na amurada
Vendo as ondas molhar
As pedras
Numa solidão acutilante
Numa dor profunda e vaga
Num ardor de fogo e frio!

Dispo-me no areal…
Olho para o mar…
Estou nu!

Ondas
Deixai-me abrir os pulmões
Lacerar as veias
Derramar o sangue
De um inocente
Condenado à morte!
Oh paixão! Oh amor!
Continuo aqui à tua espera…
E tu?

Em que barca abandonada e esquecida
Partiste?
Em que braço acenando um adeus
Te foste?
Porque me deixaste nesta cama de limos
Deitado ao lado do desgosto
Que me consome
De tanto sexo inventado?
Porque partiste
Quando eu queria
Que tivesses voltado?!

Sim
Do cimo desta rocha engulo a mágoa
De uma solidão blindada…!
Esperar…
Esperar por ti é morrer!
Já não espero nada…!

Se fosse jovem como outrora
Quando a beleza desenhava arco-íris
Na minha pele
E os olhos de todos os outros me cobiçavam
Ainda podia esperar
Que alguém viesse na barca da esperança
Trouxesse na proa a bandeira branca
Com o teu nome inscrito
Com as letras do meu sangue…
Como por ti, por mim o tempo passou
Varreu a mocidade e todas as certezas…
Da juventude ficou esta distância
O sabor cru e cruel de uma saudade
Espinhosa e fria
De uma dor vadia
Que me consome de tanta pena…

Ai amor…
Quem me dera nos teus braços
Soletrar nos teus olhos
A sede imensa deste querer profundo!
Como almejo ser para ti uma folha de rosa…!
Para mim sempre foste
A árvore mais frondosa.

Quem me dera amor
Quem me dera
Ser outra vez teu
Pela intemporal distância
De um segundo!


18 Setembro 2008
antóniocasado




 
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antóniocasado
 
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