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De tempos a tempos escrevo sobre outros tempos

 
A aldeia quase deserta era agora o lar de todos os dias de quem por ali vivia o ano inteiro.
Para os velhos, os dias iam passando devagar, sem pressas, a condizer com a eternidade do tempo que agora um estranho, de comportamento maníaco, visto que se não cansava de verter melancolia nos olhares meio vagos e sorumbáticos daqueles que por pouco mais poderem fazer, se entretinham a desfiar ao sol as lembranças de outros tempos idos. Tempos de vitórias e de derrotas como o são todos os tempos e nas histórias de cada um. Mas acima de tudo, também foram tempos de áureas glórias, bem vividas e cuidadosamente guardadas nas memórias dos que as não esqueceram.
Entre tantas coisas, recordavam com veemência e muita saudade, a força que lhes movia o corpo ágil da juventude e que em nada os impedia de galgar os muros dos desafios de então. Agora, derrotados por esse mesmo inelutável e fatal tempo, estendem como podem os cansados e velhos ossos, sobre as pedras caladas da eira onde antes estenderam o cereal e o malharam sob o sol de verões prósperos que lhes traziam a felicidade de um instante, repetido vezes sem conta por uma vida inteira, entretanto reduzida a meras lembranças que cabiam num punhado de palavras com as quais enchiam o que lhes sobrava do pouco do tempo que ainda tinham.
À noite, de roda da lareira, contavam histórias verdadeiras entremeadas de fábulas antigas, aos netos, que, por ser natal os visitavam...
Os pequenos, deslumbrados, nem pestanejavam por via de não perderem pitada alguma.


*... vivo na renovação dos sentidos, junto da antiguidade das lembranças, em frente das emoções...»

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cleo
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