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Castanho

 




Casto como a Primavera
estranho, borrado,
fétido, de nojo tamanho,
assado de tanto estar à espera.


A revolta do verde e encarnado
é da terra a cratera,
barro, argila, é carne de guerra;
é fera que se alimenta de gado...

É a telha envelhecida
do casario em festa,
é a cor do frio
e a floresta da vida...

Castanho é um olhar
opaco e seguro:
fixação das bacantes e do próprio Baco;
e puro , onde me posso sempre refugiar!


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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