Poemas : 

Monólogo de um Gari

 
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Monólogo de um Gari

Boa noite eu diria
se houvesse noite, se houvesse dia
quem sabe eu sorriria
e sorriria olhando teu corpo na cama
de pijama ou quem sabe de repente
com aquele inconsequente peignoir
feito de plumas
eu possivelmente iria refletir
no maravilhoso mistério
dos teus seios maternos
mornos e macios
caudaloso rio de águas claras
esguichando amor
todos os dias da tua vida
de maneira ardente aflita.

Porem não há noite nem dia
apenas impera a minha sina
fatalidade que me destina
ao ser que sou
mal acabado meio incompleto
quase objeto sem partes
indefinido projeto
mas por sorte, preciso real e concreto.

Feito no norte
feito de brita, areia lavada
nas águas dos rios
mas cheio de sede
feito entre quatro paredes
feito nas coxas
em cima de um tabique
em uma palafita
ou casa de pau a pique.

De tão perversa esta imperfeição
toda esta senda é só conversa
vive-se a vida com tamanha pressa
que é melhor voltar a varrer o chão.

Alexandre Montalvan

 
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montalvan
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