Os braços abertos à dor do mundo,
Acenantes ao navio que vem,
Costado azul, já a proa se vê bem,
Quatro hélices cortando o mar sem fundo.
Vestida vem a sereia de leão,
Nenhuma âncora tem para aportar,
E lá vindo, vindo rasgando o mar,
Por mim passa a riqueza no galeão.
De súbito uma gaivota me leva,
E num decidido voo sobre a treva,
Vislumbra uma escotilha aberta e franca;
Larga-me assim dos céus, desamparado,
Aterro a bordo e sem qualquer cuidado,
A almirante apitando então arranca.
30 de Outubro de 2000