Dizem-me que valho o mesmo que os ventos,
Eternos invisíveis, mas contudo
Os mais livres dos quatro elementos,
Vivem e dão-se num som quase mudo.
Levantam as poeiras da terra e tudo
Dança aos seus sabores como fragmentos;
Dão terror ao mar como dão veludo,
Ao fogo dão-lhe a morte ou os alentos.
Não posso, pois, valer assim já tanto,
Sempre fui pouco e só isso garanto,
Não me dêem forças querendo-me mal…
Nunca fui santo! Onde está o espanto?!
Tenho em mim um deus, um deus imoral!
Ventos?! Hão-de soprar no meu coval!
08 de Setembro de 2010