Dragão das Trevas
Dragão das trevas,
Da ganancia que se banha em sangue;
Do próprio sangue
Do ventre que a concebeu,ingrata filha
Que amaldiçoa a própria familia
Górgonas,
Que em sua própria podridão de átrios,
Em pedra transformaram
Por toda eternidade,
Dos poucos anos que as resta
A maldição se perpetuará
Besta da babilônia,
Que engana os céus,a terra e o ar
A minha fúria é sincera e justa, nunca se irá chafurdar
Em teu vinho de depravação,
Em tua luxúria que nunca te trará satisfação
Que o tempo seja a tua justiça,
E teus frutos a tua recompensa
Porque plantaste ódio,desafeto e tudo o que é fruto do inferno
Colherá lágrimas de sangue,
Oh existência mais vazia que imensidões de buracos negros
E mais perturbada de todos os sete infernos
Senhor ao contrário
Do contra,
A gente se encontra e desencontra
Como as ondas,que vão e veem
Oscilando mais que pisca pisca de trêm
Em discussões, não defendemos estilos
E sim visões parciais dependentes
De ocasião, humor, posição
Nada muito transparente
Mas, te amo e te odeio,
Reclamo da tua presença,
Mas é a ti que mais quero
A meu lado, pra sempre e nem sempre
Jamais seremos exatos,
Somos humanos, seres falhos
Que complicam o simples
E tentam simplificar o que é complicado
Obviedades
Sangue que tinge uma nota de duzentos
Derramam-se vidas em altares por dinheiro
Fenômeno rotineiro,mais óbvio que a própria realidade
Criticada por filósofos e sábios desde os tempos da antiguidade
Não existem mocinhos, pois todos são vilões
Tudo se resume a interesses e poder
Habilidosos desde os cabelos até o brilho dos sapatos
Palavras que incendeiam os corações
Dos mais fracos, desesperados
Iludidos idólatras a espera de um redentor
A endeusar qualquer aproveitador
Nos fazem derramar lágrimas
Apenas para nos venderem lenços
Do caos tiram o seu sustento
Assim o foi, e assim o sempre será
Não há esperança para este lugar
Olhemos a história, das guerras somos filhos
Um morre, o outro mata e outro manda matar
Pintadas são as terras de sangue, e por lágrimas são regadas
Um povo destrói o outro, o assimila, o escraviza
E não para até que contados estejam os seus dias
Inevitável humanidade, hipócrita humanidade
Tem orgasmos diante da crueldade
Triste humanidade, quebrada humanidade
Morrerá pela espada da própria vaidade
Pai
Pai,
Afastai meu coração das trevas
Afastai minha mente do abismo
Afastai meus caminhos da morte
Pai,
Quero ser teu filho, contemplar a tua imensidão
Quão grande pode ser um Deus
Que criou o universo, terra, mar e céus
Tirou-me da condenação
Verdadeiro ouro era o sangue do teu Filho
Que por amor vidas comprou
Quanto vale uma vida?
Quanto vale uma ovelha perdida?
Ensina-me a amar,
Pois não sei o que é amor
Em teus pés, confesso, egoísta sou
Como amar sem nada esperar?
Como amar a quem me causa dor?
Eis que cedo vem, pra sempre será
O julgamento não tardará
E o crime será: a Luz veio ao mundo,
Mas os homens amaram as trevas,
Pois suas obras eram más
Por isso, temendo e tremendo
Clamo por tua misericórdia
Nasci na escuridão,
Mas se quiseres pode me iluminar
Santo Deus, venha salvar-me de mim
Amor?
Quando a senti,
O mundo parou,
A razão retrocedeu,
E os céus tornaram-se meus
Era um amor,
Era um devaneio,
Uma flor,um espinho,
Uma viagem...
Assustador sentir aqueles olhos
Penetrarem em minha alma
E me dominarem
Um novo sentido,um novo rumo
Entre tardes de amor
E noites de tesão
Era minha,e não era
Era verdade,e não era
Era realidade,e não era
Tudo era nada,e nada era tudo
Pensamentos se transformaram em palavras
Palavras em atitudes
O relógio, que pulsava junto a meu peito
Perdeu seu valor
Quando se ama tudo passa
Menos o amor
Até que a dúvida nasceu,
A fraqueza venceu,
A riqueza de sentimento faliu
Chorei lágrimas escuras
Porque não saiam de meus olhos
E da onde saiam,de meu coração,não havia luz
Foi ai que tudo morreu
A lua dos amantes se partiu
E os ventos levaram a tudo menos eu
Eu a queria para mim,mas querer não e poder
Adormeci,
Acordei em qualquer lugar,
Não fazia diferença
Nada fazia diferença
Amor...
tudo que nasce um dia morre
Xadrez de pombos
Maldita rosa das trevas,
Pois me puseste entre escravos amantes da esmola
Dos lacaios, os que amam suas correntes,
Que afligem em sua cegueira as vozes de sua própria razão
E as vozes daqueles que clamam por liberdade
Devorados pela ilusão,
Como poderia meia dúzia de ladrões ser mais forte que nós?
Assim como o cão, que sem perceber ostenta uma coleira em prol de pertencer
Assim é o povo em relação ao seu Estado
De supetão, na calada da noite
Enquanto o que deveria vigiar adormece
Eis que chega o circo a pacata cidade
Assim, está posto o espetáculo,
Dancem bonecos, dancem
Teçam os acordes do balanço dos fios,dos grilhões das correntes
Porque eu sou a tua religião
E sem fiéis eu não existo
Eu sou a tua palavra de revolução,eu sou a tua caixa
Fora de mim não conseguiríeis pensar
Limitar-te-ei em uma linda caixa, desenhada
Para que,por ventura, a estadia não seja enfadonha
Confesso que tenho medo,
Quando nem o desenho,ou o pão,te são suficientes
Eu falhei em limitar-te? Ou limitei-te pouco?
Talvez acordaste do devaneio em que te fiz repousar
Não,não,não... não pode... não pode
Vá, oh meu lacaio, e mostre a teu confuso irmão o meu caminho,somente o meu
Porque a liberdade é o mal
O controle é o bem
Não existe o individual
Eu sou teu pastor e tu és uma ovelha
Jamais direi-te tais coisas,
estratégia é meu nome
Nascerás dentro de uma caixa e ela lhe servirá de realidade
Aquele que quiser ser seu próprio eu sofrerá,
Aquele que da corrente quiser se libertar será castigado
Aquele que for ovelha e tiver voz de pastor será inteligentemente calado
Aquele que acordar será posto a dormir
Vivam,vivam para meu sonho
Se libertem,se puderem...
texto revisado em 17/01/2021
Três tiros
De pê sob o luar,
O primeiro tiro raspou,
Tão somente levantei meus olhos
E estranhamente me senti capaz de
Parar uma bala
Salvar a mim mesmo
Logo veio o segundo,
E este acertou a perna,na altura da coxa
Foi ai que cai
Voltei a mim,
Percebi quem eu era,
E o que poderia ou não fazer
A pistola,
sedenta por sangue
Outra vez disparou sobre mim uma bala
E esta acertou o meio da minha testa...
Despertei no mesmo local,
E o cenário estava exatamente igual
Fui capaz de perceber que eu era um ponto
Contido num espaço com dimensão infinitesimal
Três tiros para expor a humildade do homem,
Se ele a tiver
Três tiros,
Para demonstrar a diferênça entre existir e gerar...
Amor limitado
Dias de nevoeiro,
Onde a ilusão de uma paixão mental
E dita mais consistente
Que o amor natural
Onde o frio do egocentrismo
E a incerteza do ateísmo
Sobrepujaram o calor do fogo do sacrifício
Eis que,do nada,acinzentou-se o derredor
Flertavam com a escuridão,
Desejando o prazer
Entretanto,ao vazio a dita cuja pertence
Esvaiu-se a doçura do beijo da princesa
E o corpo da bruxa brilhou feito estrela cadente
Deveras,perdi meu próprio protagonismo
Dentro da imensidão de gritos
Porque enxergo pouco,feito qualquer humano
Que jamais alcançará verdades universais
Esqueletos antigos,guerreiros caídos em guerra
Conspiraram com os ventos para relembrar
Que daqui nada levamos,somente herdamos
Até o ódio,até mesmo o ódio
Porém,se sou parte,tu também o é
Logo,somos parte do todo
Ouça a minha voz,venha a mim
Sei que também estás a vagar por aqui
Não os escute,eles pouco sabem
Muito menos de futuro,menos ainda de destino
Seja a minha luz,a cor do meu viver
Construiremos nosso próprio mundo,eu e você
Desses,pequenos como os de novela
Que saem da mente do autor sem fidelidade a complexidade da realidade
Então,juntos,venceremos o fantasma da amargura
E o sorriso maligno da tentação a solidão
A luta que nunca termina
Agulha que fura
Com a cara da morte,
Mas carrega a sorte da vida
E que aparece por todos os dias
Em meus sonhos, como pesadelos
De uma prisão perpétua
Cálculos precisos,
Ás vezes se tornam imprecisos
Porque o corpo é complexo
E o que deveria estar de vigia
Pós se a dormir
Num sono eterno
Puxe e empurre,
A morte e a vida
Com um pistão em solidão
Nada pode estar errado, nada pode estar errado,
Mas está errado e não é justo,
Mas a vida não é questão de justiça
Essa é uma luta, essa é uma guerra
E não há desculpas, ou você mata, ou você morre
E, mesmo quando é vencedor,
O Soldado deixa pedaços de si no campo de morte
Sejam do corpo, da mente ou do coração,
Mas, é sobre sobreviver e resistir que a vida é
Sobreviver é adiar o inevitável,
Mas o inevitável o é para todo o ser vivente
Sim, estamos todos no campo
E todos perderão de uma maneira diferente,
Mas, perder sem lutar é covardia
E perder lutando é morrer sem o arrependimento
De não ter dado tudo de si
Balas roubadas
Balas roubadas
Nos trens e metrôs,
Da cidade radiante, pintada de colorida
Daquele comercial, marketing e manipulação governamental
Vendo balas roubadas...
Eu sei, é errado, mas, já deixei vinte currículos
E meus três filhos também precisam de abrigo...não é, senhor governador?
Eu uso ponto cinquenta, você usa o sistema
A lei e sua, e só te sustenta
Deputados, senadores juízes... que grande novela
A deusa da mentira que satisfeita se revela
No sorriso de cada velho, bandido e gordo
Mais dourado e enriquecido que o próprio ouro
As cargas caem, os impostos aumentam
A diferença entre nós é a blindagem legislativa
E que no final, a mim resta a morte ou a cadeia
Jogue nosso dinheiro no mar e faça cara feia
A algema não te aperta, mas ainda assim e fria
Tem certas coisas que o dinheiro não alivia...
Roube mais, roube com estilo
Eu me chamo povo e trocaria esse hiate
Pela alegria da Dona Silvia
Que morreu antes de conseguir sua suada aposentadoria
Quadros, jóias, viagens, carros,coberturas...um pouco de tudo
Nossos políticos são gangters que não vendem bagulho
A cada bala, mais uma lei inútil
O leão que cresce devorando os próprios filhos
Dentro do circo dos sete paraísos
Só o dos senadores são mensais
Três mil duzentos e oitenta salários mínimos
Compulsoriamente, infelizmente, sou obrigado
Mas a esperança e a última que morre
Do meu sofá, sinto-me, feito moribundo
E sem emprego, sinto-me, um vagabundo
Meu suor, quente e salgado, escorre pelo ralo
Tanto trabalho, tanto estudo
E nem emprego no mercadinho da esquina eu arrumo
Está difícil e vai piorar,
Porque ninguém vai parar de roubar
Todos os dias é o mesmo prostíbulo
Trocam o nosso futuro feito figurinhas repetidas
Voto de um vale o peso de milhões
Mas quem disse que eu votei?
Lágrimas de sangue eu vou chorar,
Porque as contas eu preciso pagar
Mas, mesmo com as vendas está difícil aliviar
Ainda assim, sigo firme, forte na esperança
Porque já vi deficientes e grávidas a se aventurar
Pelo balanço dos coletivos, vendendo os clandestinos, pra poder se sustentar.