Toda Vida é um Mito
Meus olhos vagueiam pela imensidão da inquietude.
Ébrios, entre sombras e vultos de amores esquecidos
Por devaneios de saudade e remorsos incontidos.
Desejar é meu caráter, esquecer minha virtude
Por que mudar um ideal já tanto mudado?
Se toda escolha leva em si um conformismo
Como se convence o silogista com sofismo?
Que sonho ainda motiva depois de realizado?
Que tolice!! Uma vida entregue à pretensão.
Esse motivo pelo qual luto persistente e aflito.
Por que contenho meu silencioso e triste grito.
Assim, não faz sentido meus apelos em oração.
É tão exaustivo tentar entender o infinito.
Toda vida é uma história e toda história é um mito!
Benjamim H.
Amo-te, nada mais posso dizer
Amo-te! Nada mais te poderia dizer.
Que serão palavras diante dos olhares?
De anseios feitos, em moldes dos pesares
Da certeza que jamais irei te ter!
Amo e expiro! Morro todo dia.
No amor em que deveria renascer
Esse, que acreditava ser meu guia
E é somente a razão de me perder.
Mas sendo justo, é nele que renasço
Relapso, das cinzas de desesperanças
E zeloso dessas falsas confianças.
Mas sigo incauto, jubiloso no fracasso
De, solícito, intentar te esquecer.
Amo-te tanto e nada mais posso dizer!
Benjamim H.
Segredo
Quero te confessar algo.
mas é segredo.
É que estou te amando,
mas amando tanto, não cedo..
Porque conheço o amor
e tenho medo.
Medo de tua resposta
Por isso não concedo.
Te amo..
Mas nem a mim mesmo revelo tal segredo.
Benjamim H
"Ama post mortem"
Senhora encantada, por que dorme?
Um sono tão profundo que não te sinto.
A imagem de um conto póstumo sucinto.
Óh Deus! Pálida, gélida e disforme.
Dorme e não te acho. Deixaste-me.
Teu lindo sorriso pra sempre selado.
Pobre de mim! De teu sonho, acordado.
Vendo segar-se o amor que juraste-me.
Ansioso e Suplicante: Senhor Bondoso,
Permita-me, em outra vida, encontrá-la.
Contar-lhe do sofrimento que me restou.
Da mágoa incontida, o silêncio saudoso.
Em nenhum momento deixarei de buscá-la.
Pois não há morte pra quem tanto amou!
Benjamim H.
Anjo
Ah, anjo, não sabes quanta tristeza deixaste.
Como me dói viver dissimulando, sorrir fingindo.
Renegar o amor e, cético, acreditar surgindo
Do jazigo de apelos que friamente desprezaste.
Ando apático e introspectivo, nada me traz vida.
A morte, persistente, em meus olhos acompanha.
Amizades e promessas, que estúpida artimanha!
Frias são hoje, as esperanças, antes, incontidas.
Anjo, 'me faz' acreditar de novo no infinito.
Naqueles versos que nos teus beijos calaram.
Nos olhares tímidos que nossos olhos se encontraram.
O amor que silencioso, em nossas almas fez-se grito.
Lembra nossos sonhos, nossos suspiros, nossa oração.
A vida passa e vejo, impotente, morrer meu coração.
Benjamim H
Não quero se for paixão
É paixão? Não quero. Já basta!
Já vaguei nos seus enleios de dor
Sem lenho, numa calmaria nefasta
Então não quero, não quero se é amor!
Se for paixão, juro: renego!
Provei de sua leniente obsessão
Tolice deixar-se guiar pelo que é cego
Não insista, não quero. Não, se for paixão!
Se é paixão, não adianta. Não posso!
Sei que "meu" e "seu" se disfarça de "nosso"
Mas no fim, todos caminhos são contramão.
Se quiser paixão, não atenderei teu apelo!
Não serei vítima de seu inebriante atropelo,
Por favor não insista, não quero se for paixão!
Benjamim H.
Poema sem sentido II
(Receita inútil)
Quando o amor chegar, atenda
Quando chegar o amor, suspenda
Quando suspender o amor, entenda
Mas se não atendida, não contenda...
(Declaração inútil)
Teu amor é rio... me alaga
Teu amor é macio... me afaga
Teu amor é frio... me apaga
Teu amor é navio... me naufraga
Teu amor é servil e se estraga!!
(Conselho inútil)
Que nunca falte amor,
A despeito de toda dor.
Que nunca falte amor,
Sem embargos de rancor...
Que não falte nem sobre
Esvazie ou transborde
De amor, dor, rancor..
Nunca me falte, Amor!!
Amanda II
Eu te amo!! Amo calado e gritante..
Amo em avalanches de calmaria
Amo resignado, revoltado e suplicante!!
Eu te amo, em gozo e em agonia..
Amo assim, meio grosso e desajeitado
Por versos simples em singela poesia,
Até quando me zango e exalo apatia
Amo como chuva em um dia ensolarado.
Amo com um colibri que desiste de voar,
Trocando o céu por um mero desabrochar
Sem ao menos entender o que é o amor...
Amo por que já não posso evitar
Por me fazer bem.. Por que quero amar!
Mas se pudesse. Mil vezes te amaria, minha flor!
Benjamim H.