A despedida, é o instante derradeiro...
Há um momento
Suspenso
No vazio do tempo...
Um momento
Em que a vida nos mostra
O quão frágeis somos
E o nada em que nos tornamos
Um instante
Perturbante
E errante
Ante o pressentimento
Do inevitável
O confronto
Entre a vida
E a morte!
Escapou-me algo...
Um grito mudo
Macilento
Possante
Lancinante
E sufocante!
Agiganta-se o sentimento
Perante a imponência
E a impotência
Da perda
E do tanto que era
Ficou tão pouco...
Restaram as lembranças
Que a alma guardou
É o que tenho
Um resto de nada...
Mas é o tudo
Que acho no vazio
Em que te procuro
Ainda assim
É tanto
Que tudo é pouco
Para dizer o quanto!
Não me esqueço de ti
Pai
A saudade sabe...
Cravaram-me uma estaca na alma
Cravaram-me uma estaca
Na alma!...
Apoderaram-se do meu tesouro
E deixaram-me prostrada
Num chão
Nojento e pegajoso
Pejado de mentiras esventradas
E de odor pestilento
E são às dezenas os sorrisos...
Cínicos!
Que na pressa da retirada
Lhes caíram do rosto
E se espalharam no meio da podridão
Pobres criaturas sem palavra
Que de tão miseráveis que são
Atraiçoam quem lhes deu o pão
Nos dias mais negros
Da fome apertada
E salvaram quem nada lhes deu
A não ser a ilusão
Daquilo que não passa
De um redondo nada...
Mataram
E fugiram todos
Montados na mula da cobardia
Salvou-se um estranho silêncio
Que paira num ar irrespirável
Morri sozinha
Sem glória alguma
Com a dor da desilusão
Não mais voltarei
A pisar o chão que me viu morrer!...
Hoje resolvi responder individualmente a todos os comentários que me deixaram.
Não o costumo fazer, nem aqui nem em lado nenhum.
E não o considerem como arrogância ou falta de educação, porque não se trata disso. Mais cedo ou mais tarde, acabo por retribuir quem me lê, lendo-o também.
Quem por aqui anda há mais tempo, sabe-o e respeita-o.
Não é por nenhum motivo em particular, apenas porque me rouba imenso tempo que eu acho precioso para poder ler os outros poetas e colegas de casa que também merecem ser lidos. Tão simples quanto isso.
Mas hoje... deu-me para isto.
Não o voltarei a repetir nestes termos, pois dei-me conta de que fiquei sem tempo para o que atrás disse!
Homenagem a mim mesmo... faz hoje três anos que aqui cheguei!
Viúva até à morte
Do que te escondes tu mulher?
Mulher que já tanto sofreste
Mulher que já tanto enfrentaste
Mulher que já tanto perdeste
Mulher que já tanto lutaste
De quem te escondes tu mulher?
Tu que quase morreste
Tu que tanto calaste
Tu que não viveste...
Tu que tanto choraste
Não te escondas mulher!
Filha da pouca sorte
Herdeira da escravidão
Da vida já só esperas a morte
No silêncio... da tua solidão!
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... toryid=4293#ixzz0gyvKxoTg
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
Este foi o meu primeiro poema postado neste site.
Foi no dia 02-03-2007, faz hoje anos... mais precisamente, três anos!
E esta é a minha singela forma de o lembrar
--------------------------------------------------
As cores do arco-íris
Subi ao último andar, abeirei-me da varanda e fiquei ali uns minutos...
Enquanto bebericava o café, ía observando...
O sol que já dava sinais de vida... as estrelas que ainda lá estavam...os pássaros, incansáveis no seu chilrear matinal... o cheiro da manhã e a quietude aparente da cidade... lindo!
São momentos como este, que um dia tive medo de não voltar a ver...
Os cegos, aqueles que nunca viram a beleza e as cores do arco íris, não sabem... apenas imaginam!
Mas os outros...
Aqueles que um dia já viram e que, de repente, ficaram privados dessa beleza, só lhes restam os outro quatro sentidos para as "verem" de novo... as cores do arco íris!
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... toryid=8296#ixzz0gz0233PO
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
E este é até hoje o meu escrito mais lido - 7285 leituras. Ainda estou para saber o porquê, pois que assim, à primeira vista, não tem nada da especial. Mas até tem e muito! (pelo menos para mim).
Talvez seja pelo título que lhe dei, não sei...
Antes que se acabe o ano...
400) this.width=400" />
Desejo um Feliz Ano Novo a todos os poetas desta casa!
Um olhar sobre a escrita, os escritores e os leitores
Nem sei muito bem como me meti nisto das escritas. Penso que foi a minha curiosidade que me trouxe até este mundo e depois fui ficando mais pela teimosia. Mas curiosamente também acho que este mundo não é de quem quer. É de quem sente inspiração embora essa nem sempre esteja presente quando mais se deseja. Mas é também e essencialmente, de quem tem gosto pelas palavras e se esforça por tentar fazer passar a sua mensagem, as suas ideias, as suas estórias; o que quer contar ou dizer aos outros, aos que o lêem. E já agora, sem fazer má figura. Especialmente se já teve algum sucesso no passado e quer preservar essas memórias sem se desiludir a si próprio nem aos outros, ainda que esse mesmo sucesso não tenha passado de algumas manifestações de apreço por parte dos amigos, que, na ânsia de agradarem (e isso ocorre com bastante frequência na internet e no mundo virtual que lhe está associado), o tenham feito de uma forma por vezes exagerada até, levando-me a pensar, no meu caso, que sim senhora, até tinha jeito para escrever umas coisitas... Só que, tudo é relativo.
Se não vejamos: quem se movimenta por estes meandros apercebe-se mais cedo ou mais tarde, que para ser lido e comentado tem de pagar na mesma moeda, caso o não faça o mais certo será ninguém dar pela sua passagem nem que escreva as coisas mais belas que se possam imaginar. Ou ainda, se já o fez garantindo dessa forma o seu popularismo ou o que lhe queiram chamar e entretanto se deixou dessas coisas (a maior parte acontece naturalmente pelo cansaço e já aconteceu a tantos aqui), em breve notará que os seus leitores se foram afastando para outras paragens onde a leitura lhes seja mais proveitosa...
É que quem lê, geralmente em sites que se dedicam a dar oportunidades de divulgação de escritas de pequenos escritores desconhecidos, também escreve e publica nesses mesmos sites e, como é natural, espera igualmente que o leiam e se não for alguém já conhecido na sua praça, terá de conquistar a pulso cada um dos seus leitores.
Quem for minimamente atento, em pouco tempo se aperceberá das regras que fazem o bom escritor, sê-lo. E reparem que não falo dos grandes, falo dos amadores que são a quase totalidade das pessoas que por aqui se passeiam neste e noutros sites idênticos. Portanto, sem leitores não há escritores dignos desse reconhecimento. Mas isto sou eu que o digo e o que eu digo não se escreve... portanto, escrevam! Quanto mais não seja, pelo prazer que vos der, como me continua a dar a mim, fazê-lo.
Inventei-te na volta errada de um ponteiro
400) this.width=400" />
Podia ser só mais uma noite fria como as outras...
A noite estava fria, tão fria que ninguém fazia ideia.As ruas desertas eram agora mais tristes ainda. De dia nem se notava, tudo parece mais agradável, camuflado pelos ruídos de fundo e o reboliço normal da vida. Pessoas e carros correm desenfreados para um qualquer compromisso inadiável, como se tudo dependesse da pressa que levam na ponta dos minutos que lhes restam para a hora certa... como se as suas vidas dependessem apenas disso. Chegar a qualquer lado a tempo e não ser repreendido nem penalizado por isso. Ou mais grave ainda, perder algo de que se arrependesse para todo o sempre...
Mas o dia já terminara há um bom par de horas e aos poucos as ruas foram-se esvaziando. Ficaram só os que não se conseguem separar delas, os que há muito passaram a fazer parte delas, como se fossem bibelots ou guardiões notívagos da cidade.
A temperatura baixou repentinamente e apanhou-os desprevenidos, nem as caixas de cartão novas que trouxeram das traseiras das boutiques vizinhas e os cobertores coçados que já tinham, lhes chegavam para se resguardar do frio cortante da noite. Alguns desistiram de resistir, levantaram-se e fizeram fogueiras em latas de tinta velhas que arranjaram na obra ali ao lado, paredes meias com o passeio das arcadas onde se costumavam deitar, por ser coberto e o mais recolhido das redondezas. As chamas aqueciam-lhes as mãos geladas e o vinho da garrafa que partilhavam gole a gole, tratava de lhes aquecer a alma empedernida pela cicatriz da solidão de cada um, naquela que era a noite mais triste de todas as que o ano tinha.
Talvez se não houvesse Natal, as noites fossem só noites. Umas mais frias do que outras, mas só mais uma noite sem qualquer outro significado que a tornasse mais triste ou menos triste do que as outras.
Everlast" rel="nofollow">http://www.dailymotion.com/video/x1z8 ... e_music">Everlast What It's Like
A foto é daqui
Porque também se pode enlouquecer de solidão...
Amanheceste no meu pensamento
E por um breve momento
Olhaste-me e sorriste-me
Como se me quisesses dizer algo bonito
Apenas com o olhar...
Vesti-me de ti
Com as lembranças que ficaram
Guardadas nas tuas gavetas
Que não esvaziei nunca
Conversei contigo
Em monólogo
Sobre coisas pequenas
Coisas nossas
Que só eu e tu entendemos
Depois
Peguei-te ao de leve na mão
E levei-te até lá fora
Ao nosso jardim
Para que as visses...
Como estavam lindas as rosas
Aquelas que tu plantaste
Um mês antes de partires...
Sentei-me no nosso banco de verga
Debaixo do nosso alpendre
Deitaste a tua cabeça no meu colo
E ali
No nosso refúgio de sonhos
Que construí para ti
Finalmente dei-me conta
Da tua presença ausente
Que me enlouqueceu a mente
E me faz procurar-te até no pó
E encontrar-te apenas
Nas saudades que tenho de ti...!
O arco íris de Leonor
Chovia... uma chuva miudinha que parecia saída do crivo de um regador antigo, daqueles de zinco baço, igual aquele outro, em que a pequena Leonor, que tinha tanto de teimosa como de traquina, se cortou no lábio de cima ao escorregar no meio de uma correria desenfreada, que terminou abruptamente com um corte profundo que lhe ficou marcado para a vida. Teria uns três ou quatro anitos e não se lembra de nada, mas a marca está lá, a comprovar a história que a mãe se apressava a contar, sempre que lhe perguntavam o que tinha acontecido ao lábio riscado de branco.
Chovia... uma chuvinha miúda que o sol tentava evaporar com os seus raios quentes, mas que mais não conseguia do que lhe dar um brilho luminoso fazendo com que um enorme arco de várias cores, se atravessasse no céu, cortando-o em duas metades, como se faz a uma laranja sumarenta.
Chovia... e a pequena Leonor, agora mais crescidinha, mas ainda com toda aquela energia e teimosia, olhava-o deslumbrada do lado de dentro da pequena janela da sua casa. De repente, uma vontade enorme de o atravessar de um lado ao outro, começou a nascer-lhe lá de dentro do seu querer.
Não aguentou mais e saiu porta fora, correndo o mais que podia até o alcançar.
Só que... e o que ela não sabia, é que o arco-íris não se pode atravessar!
Leonor voltou triste. Trazia no olhar e nas mãos vazias a vontade amarrotada, e nos passos lentos, a alma desolada.
No meio de tanta desolação, Leonor nem reparou, mas o sol havia entornado as cores do arco íris, derramando-as no chão sob a forma de pequenas flores, que eram agora um tapete multicolor onde as borboletas esvoaçavam felizes.
E já não chovia...