O título pode ser seu(só quero o conteúdo)
Coisifico a minha dor para caber aqui
No universo que me cabe
Na minha parcela de existência
Criada para afagar e destruir.
Existo sob a ameaça constante da extinção
Estar aqui é a vitória do improvável
A minha teimosia perante a sentença clara e sucinta:
Sou apenas uma organização breve do caos.
E na minha insignificante gota de tempo
Carrego com prazer e ardor
Minhas inutilidades entorpecentes
O amor, a virtude e o ego
Amar... O elo delinquente do caos
A força que nos impede de ser nada
E sentencia a jamais tornar-se tudo -
Incompletude inerente a minha espécie...
Virtude – meu psicotrópico favorito
Aquilo que me convence que ainda estarei aqui
Mesmo quando nada for.
E ecoa nos meus ouvidos ser o meu legado no universo
Intitula-se mais importante do que a matéria que alimentará a terra que me cobrir
O ego ... O eloquente orador da minha classe de sentidos
O argumentador de que sou
E não apenas estou
O organizador da minha parcela interior de universo
O ente criado
Como figura criadora do meu Big Bang
O messias que me arranca da escuridão do todo
Para me ajudar a trilhar a iluminação da ignorância...
Hoje estou apenas cansado
De estar aqui
Dentro de mim
O meu mundo
Pessoas passam
O tempo passa
Idéias cíclicas
Me impedem de dormir
Os ciclos passam
Pessoas tardam
Mas o tempo
Não perdoa se eu desistir
O tempo pára
Os ciclos falham
Quando pessoas
Me ensinam a prosseguir
Queria tanto ter uma escolha pra fazer
A ignorância alivia ao respirar
Esperava o meu mundo entardecer
Mas insisto em aguardar o sol raiar
Se certo e errado
Tiverem o mesmo lado
O que fazer com um caminho esgotado?
Se certo e errado
Tiverem o mesmo lado
O que fazer com um caminho esgotado?
O tempo pára
Os ciclos falham
Quando pessoas
Me ensinam a prosseguir
Queria tanto ter uma escolha pra fazer
A ignorância alivia ao respirar
Esperava o meu mundo entardecer
Mas insisto em aguardar o sol raiar
Música nascida de uma discussão filosófica sobre bem e mal.
A minha montanha mágica
A dose de hoje ainda não fez efeito
As cores se foram por enquanto
E da alma dos outros só vejo
O fel
Filtro o ar com intensidade e menos amor
Espero a benção da química
A loucura dói e fascina
Venero a lucidez
Desse momento realístico
Agora eu não cubro a vista rente ao sol
Olho-o profundo
E abraço os cortes na íris
Não há calma
E nem agitação
Mas a anestesia da contemplação quase doentia
Ouço os lamentos antigos de um poeta morto
Porém ativo entre os cegos, surdos e mudos
Procuro o sentido desse meu dom fúnebre
Procuro o que há realmente em mim.
Bastar-se é para os fracos
Rupturas nos amedrontam
Nos escancaram fraquezas...
E fomos colocados no mundo
Para manusear incompletudes
Nascer é separar-se
Sair do todo
Individualizar o universo
Versar-se em Uno
E passar o resto dos dias
A buscar o reencontro
Porém, aos arautos do ego,
E do medo,
Bastar-se é a salvação esperada
A desculpa plena
Para o conforto da inércia
Desconhecem que estar ligado
É um caminho indelével
Da evolução humana
A característica fundamental
Que nos trouxe até aqui
No sina de retorno
Ao universo...
Como amei o Diabo
Ontem a noite eu matei o Diabo
Que sorriu e me agradeceu
Pois a sua imagem fui feito
Pra entender que era Deus
Fomos juntos em cada enrascada
Companheiro e irmão na quebrada
Meu Demônio foi quem conduziu
Até o Deus que há em mim
E não pense que ele era o mal em si
Era minha parte que cuidava de mim
Só de mim
E mais ninguém
E quando não precisava mais
Num abraço o amei como quis
E como um punhal no peito
Desse abraço ele partiu
O meu Diabo, o meu menino
Me preparou para amar além de mim
Mas depois de amar a mim
Porém amar somente a mim
Não me permitia ser plenamente feliz
O amei, o acolhi, o entendi
Ele se foi e agradeceu
Se prostrando pois agora eu era Deus
E amava a mim, ao outro e ao Diabo
Como o Pai.
O Forte do Humaitá
Ah! querido Forte do Humaitá
Pedaço meu do universo
Lugar que fui menino
Fui sincero
Fui eu
Neste travei grandes batalhas
Lutei em mim para forjar o que sou
Aqui o garoto vestiu sua armadura
Para matar qualquer dragão
Deste lugar, que o oceano parecia pequeno,
Me convenci que era capaz de tudo
E virei meu próprio herói
Porém, nessa porção de Todos os Santos
O Divino tocou-me a alma desnuda
Enquanto retirava as roupas tecidas por minha mãe
E imergia na armadura de São Jorge
O Olimpo decretou que não seria sem marcas
Algo teria que me ligar eternamente
Ao Forte do Humaitá
E em homenagem a você Humaitá
Serei forte
Em homenagem a você Humaitá
Serei menino
Em homenagem a você Humaitá
Serei guerreiro
Em homenagem a você Humaitá
Serei feliz
Mas sei que estarei lá
E o Forte do Humaitá estará aqui...
Insano
Meu coração não bate...
Espanca
Tortura o meu ideal perfeito,
Meu sonho de aluguel
Este coração que alimenta
E regurgita
Meus anseios
Sedutor que sussurra
O beijo lúcido
Da escolha insana
Pragueja ao incômodo devaneio
Racional
Faz birra ao ser contrariado
Pesa e dói
Como que se jogando ao chão
Em pleno peito
Ah! Filho insano...
Luto até o fim para que continue batendo
Véu de Maia
O que é real?
E o que é conseqüência?
Envolto na luminosidade dos teus trapos
Estão cuidadosamente escondidas
As lacunas do ser.
A luminosidade do dia que cega
Ofusca o breu noturno
Que indaga aos meus olhos:
È real o que se pode ver?
Intangível véu de serenidade,
Impalpável véu de segurança.
Equilibrando o caos numa balança
Que pesa a medida entre o bem e o mal.
Castigo ou herança?
Qual o verdadeiro propósito
Do afago das sensações?
Até hoje o principal triunfo dela-
Maia-
É separar-me de você,
Fracionar o elo da vida
Em pequenas partes independes de si,
Que guerreiam incessantemente
Para alcançar e sobrepujar o outro.
Como fração insignificante do universo.
Não nos permite perceber que o bem que lhe faço
Faço a minha própria existência.
A “irracionalidade” da natureza
Mostra-nos que a peça é parte do todo
Assim como o todo é parte da peça
Teatral ou mecânica,
Visceral ou trivial.
Para transpor-te
Vale a velha máxima
Se teu olho te faz tropeçar arranca-o.
Baseado no livro "O Mundo como Vontade e Representação" Arthur Schopenhauer.
Evolução da espécie
Onde você está deus?
Meus três únicos deuses
Alma, carne e espírito
- Independentes em sua unidade.
Ao abrir a Caixa de Pandora,
Ao cuspir o rosto do Santo,
Ao esbofetear o filho tentando atingir o pai
Fui sentenciado até o fim dos meus dias
A brincar de ser deus.
Você colocou em mim o eterno
Para que eu pudesse contemplá-lo de longe
Mas nunca possuí-lo.
Condenou-me a decidir a quem amar e odiar
Sendo que ainda não deixei de amar
O que eu controle,
E odiar o que se parece comigo.
Eu quero matá-lo,
Para poder usufruir
O último suspiro.
Para deixar o fardo de ser a sua caricatura,
Da dor de tentar conter o universo,
Da cadeira de disciplinador.
Eu vou encontrá-lo para dizer,
Antes do golpe final,
Nos teus olhos:
“- Isso é por me alimentar de desejos profanos,
Por nutrir-me de uma justiça falida,
Para que eu nunca pudesse me perdoar.”
Amarrarei as tuas mãos,
Para que não possa mais brincar
De criador e criatura-
Desta anomalia do criador feito
Das mãos da criatura.
Espero que todos os anjos vejam,
No golpe final,
Na última rebelião,
Quando olhar nos seus olhos e num só ato
Golpeá-lo de cima a baixo.
E os sete pedaços do espelho caírem ao chão.
Quando não salta-me aos olhos
Engrandeceria o silêncio da lingua
Se o adocicado fosse
O absinto que embebeda os loucos
E a loucura as vezes não parecesse
Uma tragada de liberdade
Esfaquearia o profeta da praça
Se nossa doentia sanidade
Não pintasse de normalidade
Nossa caridade erguida na fumaça
Satisfeita com o pão embolorado
Que empurramos goela abaixo
ao nosso sentimento de culpa.
Compreenderia o silêncio da lingua
Se a fome fosse apenas
O prenúncio de uma próxima refeição
E não o preço pago pela saciedade.
Mas que tolice...
Pois esfaqueio o profeta da praça...
Esbofeteio os olhos úmidos...
Cuspo a chaga exposta...
Quando reitero que isso não faz parte
Do meu mundo.