Poemas, frases e mensagens de bcarvalho

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de bcarvalho

PESADELO DE UMA VIDA

 
Eu vejo sombras, eu vejo dor
Vejo fantasmas a roubar flores do meu túmulo
Vejo espíritos que vagueiam através do quarto
Vejo escuridão a cobrir as paredes

Tudo o que vejo tu não consegues compreender
Imagens frágeis num espelho partido
Cenas antigas de histórias de miséria nunca contadas
Pecados marcados numa moldura de madeira

Vejo lobos a uivar à lua
Caminhantes da noite sem cara ou nome
Vejo vermes a erguerem-se da terra
Vejo estrelas cadentes e anjos nus

É um pesadelo de uma vida
Uma visão cruel, indistinguível e brutal
É o que vejo, não posso culpar-te
É o que sinto, não podes salvar-me

Bruno Carvalho
 
PESADELO DE UMA VIDA

"Uma Causa Perdida"

 
Se aqueles olhos no espelho me pudessem convencer
Que outra pessoa existe em mim
Se aquela opaca imagem pudesse ser apagada
Esquecida, transformada em silêncio

Se a esperança pudesse converter este desejo em realidade
Se eu pudesse de facto ser quem nunca fui
Se eu pudesse amarrar-te com os meus braços
Amar-te como se o tempo fosse uma mera ilusão

Se todos os momentos pudessem ser repetidos
Invertidos, rasgados por novos pensamentos
Uma nova fé, nascida da religião do amor
O meu contentamento incontido num suspiro

Se eu pudesse saber que o esquecimento era a solução
O resultado final de uma vida de sofrimento
Como se a morte pudesse levar a recordação de ti
Como se eu pudesse esquecer-te mesmo se quisesse

Luto por uma cause perdida
Uma esperança fugidia, despedaçada pelo desgosto
Uma face diferente na janela
Um novo desejo sacrificado pela minha inconsequência
Bruno Carvalho 2007
 
"Uma Causa Perdida"

FORA DE TEMPO

 
O porquê da causa das coisas
Está tudo fora de tempo
A realidade mistura na tortuosa melancolia
Está tudo fora de mim
O arrependimento turva-se nos sentimentos

O porquê da causa dos sonhos
Está tudo perdido na inexistência da vida
O medo consome a força de esperar por algo melhor
Entorpecimento dos sonhos, quietude do silêncio
A murmurar palavras sibilantes de desespero aos meus ouvidos

O porquê da irracionalidade dos amores
Está tudo fora do tempo
A esperança cortou-se na lâmina negra do desespero
Agora tudo passa tão rápido e disforme
E tudo o que esperava na manhã explodiu com a chegada da noite

Fora de tempo
O medo,
O silêncio,
A espera,
O vazio,
A morte…

Bruno Carvalho
 
FORA DE TEMPO

RASCUNHOS

 
Rascunhos de uma vida cinzenta
Palavras rasuradas por mãos trémulas
Sentimentos ofuscados por vidros partidos
Cores desmaiadas em quartos vazios.

Ausências notadas em multidões desalinhadas
Verbos desarticulados, discursos quebrados
Amores esquecidos na frieza da aurora
Corpos despojados banhados pela solidão.

Visões, visões obscurecidas pela noite incauta
Perdi algures a alegria de viver
Entre memórias e recordações imprecisas
Momentos frágeis de desespero incontido.

Bruno Carvalho
 
RASCUNHOS

VIVO DE MEMÓRIAS

 
Vivo de memórias
De palavras ultrapassadas pelo tempo
Vivo de esperanças fugidias
De amores sonhados
E demasiadas partidas

Vivo de ilusões
Na profundidade dos teus olhos
Vivo de versos rasurados
Poemas despojados de sentimento
A minha loucura disfarçada

Vivo impotente
Com o passar dos dias
E este sentimento que não desaparece
E este sentimento que me faz explodir
Em mil fragmentos de dor

Vivo comprimido pelo medo
Destroçado pela frieza da realidade
Desistir, esquecer, perder
Perder-te na noite escura
E para sempre ignorar o que sentes

Bruno Carvalho
 
VIVO DE MEMÓRIAS

REFLEXO DE MIM

 
Quem me dera adormecer com o sol
Fugir do eterno esquecimento dos sonhos
Quem me dera ver além desta cruenta realidade
Destas recordações mordazes trazidas pela noite

Quem me dera enterrar as memórias de ti
Do teu beijo, do teu olhar marejado de lágrimas
Quem me dera resgatar as palavras que nunca te disse
Os meus desejos despejados em momentos inconsequentes

Quem me dera ser mais do que um reflexo de mim
Uma palavra rasurada num livro rasgado
Quem me dera ficar vazio de mágoas e arrependimentos
Liberto nas asas do vento, desperto no despontar da manhã

Quem me dera libertar a culpa e partir
Soltar um último adeus ao passado
Quem me dera despontar de novo um sorriso em ti
Aquele pequeno sorriso que me fez amar-te

Bruno Carvalho
 
REFLEXO DE MIM

PALAVRAS NO SILÊNCIO

 
Passo as mãos pelas curvas do teu corpo marcadas nos lençóis
A memória de um beijo despojado nos meus lábios
A esperança cravada no teu olhar,
O doce murmúrio das tuas palavras no silêncio

A noite despedaça-se em mil fragmentos de silêncio
As estrelas colidem em gritos de desejo nos teus olhos
Fico firme agarrado a doçura do teu beijo
Trago o seu sabor marcado na minha pele

Desvendo o sonho, largo a fantasia ao ritmo do coração
Dispo-me da frágil condição de triste sonhador
E liberto-me nas ondas confortantes do teu desejo
Aqui onde mora a incerteza, mora a o consolo da paixão

Abro a janela, deixo a lua espreitar
Neste instante parado no tempo
Neste abraço há mil anos esperado
Mergulho na bravura inane do teu olhar
 
PALAVRAS NO SILÊNCIO

SOMBRAS

 
Sombras inundam o meu ser decadente
Arrasto-me na lentidão demente
De um amor que me tornou vilão
Poeta esquecido, ardido, no caixão.

Sorte a minha de amante descrente
Solto as amarras rumo a oriente
Para caçar a lua, companheira fiel
Bebo agora do cálice de fel.

Não fez Deus luz no meu buraco
Sou tão pequeno, tão fraco
Bebo na ilusão do amor
Amo a solidão noiva da dor

Bruno Carvalho
 
SOMBRAS

AMANHECER EM TI

 
As minhas noite passam-se entre murmúrios
E recordações fugazes de momentos incertos
Em espaço vazio, lamento o desperdiçar do tempo
À espera do terno amanhecer em ti

A janela aberta, a solidão entra sorrateira
Ciente do destino frágil da carne
Um desejo invisível que arde na pele
Um desejo moribundo marcado nos lençóis

As minhas noites fazem-se de lamentos inquietos
A Voz clamada em franco desespero
Um grito sufocado por anos de esquecimento
Preciso de despertar, de renascer em ti

O meu amor, a minha consolação despejada no vazio
Agarro-me à última luz de um dia que demorou a passar
Volta agora o sonho, a esperança descarnada
Amanhece em ti a miragem do meu corpo

Bruno Carvalho
 
AMANHECER EM TI

AMOR FERIDO

 
Revivo os meus pesadelos
Palavras queimadas pelo fogo do esquecimento
Atrevo-me a chorar, a largar a tristeza num beijo
Memórias obscurecidas pela minha bravura inane

Despedaço-me em mil pedaços de mentira
Véus rasgados pela serenidade lunar
Observo-me no espelho na esperança de desaparecer
Vejo nos meus olhos reflectido o amor esquecido

Folhas ardidas levadas pelo vento
Sonhos cravados pela solidão da alvorada
E lençóis lançados no escuro
O teu corpo renascido na minha hora mais negra

A minha ultima hora, desejos despojados de entendimento
O meu contentamento despejado num rio de dor
Revivo os meus pesadelos
O meu amor ferido, a minha morte anunciada

Bruno Carvalho
 
AMOR FERIDO

LUZ E TERNURA

 
Ocasionalmente o silêncio é quebrado
Pelo eco das tuas palavras doces e brandas
Por vezes ainda vejo a tua face no sol da manhã
Uma memória que o tempo não quis levar

Por vezes vejo o teu sorriso colado à aurora
A doçura do teu beijo marcada nos meus lábios
A planura suave do teu corpo sob a minha mão
E eu tremo, tremo na emoção de um encontro ansiado

Ocasionalmente a escuridão é iluminada
Pelo teu olhar cheio de luz e ternura
Fico solto na brisa da manhã, pendente num sonho
Por vezes sinto-te, sinto-te como nunca senti ninguém

O teu perfume, o teu amor espalhado na frieza do meu corpo
Por vezes fico assim parado a pensar, a sorrir, a explodir por dentro
Por vezes a doçura das tuas palavras arrepiam-me
Um arrepio de prazer, uma sensação de imortalidade

Fico fechado na memória de ti, do teu abraço terno
Certo que a porta se fechou, mas que a janela continua aberta
Para dela jorrarem os raios de sol da manhã
Para que o sonho não morra, para que o amor não parta.

BRUNO CARVALHO 2007
 
LUZ E TERNURA

PERDI-TE

 
Vivo atormentado pelo desejo
Como pudeste ser tanto e tão pouco em mim
Passo as pontas dos dedos sobre o orvalho
Aquela pequena memória inscrita no teu olhar

Se eu pudesse ao menos sentir perdão
Aquele arrependimento puro
Entre a quarta e a quinta hora desta noite
Despojo-te nos meus sonhos de tão inquieta verdade

Se eu pudesse ao menos saber quem fui
Uma linha perdida num texto vazio
Fui tão pouco, mas quero ser tanto
Fui uma gota de chuva numa noite de Verão

E, agora, enquanto alinho recordações de ti
Despojo-me eu também de tão triste verdade
Perdi-te sem saber que te tinha ganho
Faltei-te na minha presença amordaçada

Bruno Carvalho
 
PERDI-TE

LI-TE...

 
Li-te ao relento daquela noite
Palavras sublinhadas na aragem
Breves pensamentos feridos
Constantes indefinidas na soltura de um abraço
Li-te poesias inacabadas
Desejos amordaçados por uma fome maior
Breves toques em olhares irrequietos
Prazeres permitidos em momentos cúmplices
Li-te com uma avidez inquietante
Enquanto os meus olhos tocavam as estrelas
E os teus a imensidade dos meus
Li-te memórias perpassadas
Amores esquecidos na correria do tempo
Ultrapassados por uma ânsia crua
Bebi dos teus lábios o licor da madrugada
Ancorei no cais do teu seio
E sonhei, sonhei ler-te o amor que escondes
A paixão ansiosa, o desejo que arde
Li-te naquela noite, a nossa noite
O nosso amor descarnado por saudades
Li-te, meu amor
As palavras que nunca te direi
As saudades que nunca desejei…

Bruno Carvalho
 
LI-TE...

PERDI O ENCANTO

 
Perdi o encanto das coisas
O amor fez-se pecado mortal
A noite explodiu em tons de tristeza
Despedi-me do sol e da luz

Perdi o contentamento
A harmonia de um sentimento moribundo
Um momento perdido no tempo
Sou arrastado pela obscuridade

Senti-te no momento de perder-te
A incapacidade de compreender
De juntar duas palavras que te fizessem mudar
Demasiados silêncios destinados a morrer

Palavras amordaçadas por desencantos
Mitos esquecidos no passar dos dias
Fiquei ferido na chegada da manhã
Moribundo na lembrança de um sonho vazio

Perdi o encanto das coisas
A suavidade amaldiçoada da tua pele
O fogo ardente do teu beijo
Nos teus lábios deixei um último adeus

Bruno Carvalho
 
PERDI O ENCANTO

“POR VEZES…”

 
Por vezes navego nas águas turvas do meu infortúnio
Rompendo as ondas negras do coração
Fazendo de cada dia uma eternidade de desolação e pesar
Naufragando nos rochedos fúnebres do silêncio

Por vezes dou à costa da saudade e do desejo
Seguido por mil vozes esquecidas pelo tempo
Por vezes parece que nada mais faz sentido
Que tudo não passa de uma farsa, uma história mal contada
~
Por vezes dou comigo a mirar o horizonte longínquo
À espera de um murmúrio, uma voz doce e firme
Que me faça continuar a luta
Por vezes dou comigo derramado pelo chão, como uma sombra na escuridão

Fico frágil, acorrentado a uma vontade maior
Fico de rastos, na recordação cruel do teu rosto plácido
Por vezes invejo a inquietude da solidão
Desejo também eu ser esquecido pelo tempo

Por vezes desejava ser efémero como o vento
Poder soltar as asas e partir deste lugar maldito
E só parar na tranquilidade do luar
Nas planícies eternas do esquecimento

Bruno Carvalho
 
“POR VEZES…”

IMPOSSIBILIDADE...

 
Dispo-me desta verdades inconsequentes e vazias
As primeiras horas de um dia debitam misérias
Falsas esperanças cravadas em faces desconhecidas
E como nos meus sonhos a vida desperta incerta

Vi-te ali no limiar da noite, entre a terceira e a quarta hora
A hora do adeus, da impossibilidade, do medo
As palavras atropelam-se por entre choros e lamentos
A realidade desperta-me para um pesadelo em forma de desejo

Dispo-me de sentimentos, perco-me na frieza do vazio
Amordaçado pelo desespero, abraçado pela dor
Fico mais uma vez sozinho, longe da verdade do amor
As tuas palavras soltas na incerteza do silêncio, o meu silêncio…

Quero ver para lá deste véu de desolação e medo
Quero ver de novo a verdade no teu olhar
Aquele olhar, aquela explosão interior, o teu amor
Fico abandonado nas asas de um sonho moribundo

Bruno Carvalho
 
IMPOSSIBILIDADE...

DESCE O PANO

 
Desce o pano
Nesta sátira cómica
Com papéis invertidos
Com demais sentidos
Desce o pano
Sobre o palco, o amor
O argumento final da dor
A frieza da paixão

Desce o pano
Apagam-se as luzes
Mergulhado na escuridão
Estou eu espectador esquecido
Maravilhado pela obscuridade
Desce o pano
Sobre este nosso romance
Acaba a expectativa
E assim fico
Num momento eterno
Parado no silêncio
De um teatro vazio
E assim fico
Prostrado frente ao palco
Ovacionando o fim do amor
Abraçando a frieza da dor

Bruno Carvalho
 
DESCE O PANO