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Poemas : 

Sem título(95)

 
Por uma balsa ou um cavalo

Pela misericórdia ou redenção

Não tenho reino nem domínios para trocar

Por um trono ou pedrarias

Pela comenda ou vassalagem

Só possuo a liberdade dos ventos e a vontade dos mares

Só me tenho em imiscíveis coisas por confronto




Por tudo o que me ofertam em sujeição

Pelo todo que usurpam na parca tença que me dão

O avesso do sim vos oferto

Rostos de corações calcinados

Gentes com o poder dilacerante nas entranhas

Gente que fenece nas transacções de outra mesma gente

E eu que sou do sol a assertiva luz

Vos entrego a flor de espada em riste

Vos entrego de mim a minha negação




Por um dia de sol ou de copiosa chuva

Pelo pranto da mulher desamada

Pelo riso transbordante dos amantes

Renasço em cada dia de usura de mim

Pela rosa selvagem

Por todos os cânticos de todas as aves

Pela terra-mater onde lavro a palavra nua

Decanto corpo e alma em ínclitas fontes




Por mais que brilhe o falso ter e não ser

Meu sangue jorra rubro na cor estrondosamente transbordante




Dionísio Dinis

 
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Dionísio Dinis
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 25/02/2008 02:17  Atualizado: 25/02/2008 02:17
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Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3100
 Re: Sem título(95)
Amigo Dionísio, quanto tempo terá passado desde a última vez em que li algo teu recente.
Estivesse escrito com outra letra ou com outro espaçamento e eu direi, garantidamente, que teria sido D. Dinis qem o tinha escrito.
É inconfundível este ar puro que ressalta da tua poesia, refrescante.

Um abraço

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