RASCUNHOS

Estava, caro Mainardes, com 22 anos de idade. Como trabalhava e estudava (e ainda me preparava para casar...) e me sentia triste por não me dedicar mais à leitura e à escrita dos grandes autores. Penso que tinha uma sensação de que nunca escreveria senão rascunhos anotados às pressas em cadernetas, apostilas de faculdade, xerox de livros...

Era meio angustiante ter vontade de escrever e ter tão pouco tempo. Como me sentia inseguro para escrever sobre os temas que considerava mais importantes à época -- a saber, o Milenarismo ou a espiritualidade do fim do mundo em função da virada dos dois mil -- a maioria dos meus textos tinha carácter confessional, como este.

Lembrando agora d'esse tempo, ocorre-me que sempre foi assim, quero dizer, a poesia como algo subterrâneo em minha vida, meio como no romance "O feijão ou o sonho", de Orígenes Lessa...

Revisitar esses poemas da juventude durante o confinamento tem sido uma missão proveitosa para dias tão longos.

É isso.

Abraços, RicardoC.