Poemas : 

Só o leve e o livre voa

 






Nas mãos
levas o vento.
Enlaça-lo na harmonia
das árvores.

Levas na boca,
o jeito dos trevos.
Numa dimensão avivada.
Ao lugar da memória.

Da palavra que soa.
Com dom de criança.
O silêncio provém.
Só o leve e o livre voa.  












Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/06/2020 19:24  Atualizado: 23/06/2020 14:56
 Re: Só o leve e o livre voa










Só o leve e o livre voam sem peso
Sou ambos, o voo plano e o sem jeito,
Com o pés grudados num cepo, tosco
Pau de madeira, pobre e seco

O coração não descola sem ser
Do peito, perdi-o ou dei-o faz
Tempo, nem sei bem ... se a'ti,
Ninguém ou tod'a gente,

Raios de mim, voo sem jeito em
Asas que não mereço, ofereço
Palavras que nem me doem
Se nem ao coração me sinto preso,

Sou livre da flor dos dedos
Até ao fino de um cabelo








Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 21/06/2020 19:42  Atualizado: 21/06/2020 19:51
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 Re: Só o leve e o livre voa
Começo de baixo para cima.
"...Só o que é leve e livre voa..."
O absoluto neste caso sabe bem. A aliteração em livre e leve dá um ar alado à ideia. Quanto à afirmação, é a regra.
O Homem tem muito peso, e é preso. Logo, não voa.
Os pássaros têm no peso leve e, na estrutura oca dos ossos das asas, muita leveza. Basta agita as asas.
Se estiver engaiolado ou acorrentado, é como o Homem, não voa.

Mas o que voa, neste poema?

O sujeito poético referindo-se a si mesmo ou a alguém que admira, ou apenas mira, fala de alguém com o vento nas mãos.
Gosto de vento. A brisa, nem tanto, mas a ventania é um gozo. Até aquele que é quase furacão.
Os furacões e as tempestades (como as de areia) de vento são demasiado destrutivas, para esse meu gosto.

"...levas na boca
o jeito dos trevos..." submete-nos muito sobre as superstições das quatro folhas, associado à boa fortuna, quando se fala em encontrar, quando o que se fala é raridade e solidão.

"...Com o dom da criança..." acho muito belo o verso. Há nas crianças uma pureza que os anos nos retira. A inocência. A crença. As crenças novas e as nov-idades.
Devíamos todos aprender a ser crianças assim que chegamos a adultos.

Assim como a palavra vem do silêncio, neste poema parece dar-se o inverso, tornando o movimento cerimonioso. Quase sagrado.

Amo a tua poesia.
E é de borla.

Abraço irmã

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 21/06/2020 19:56  Atualizado: 21/06/2020 19:56
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 Re: Só o leve e o livre voa
Só o título já vale a leitura. O resto é generosidade sua, Zita! Beijo!