Poemas : 

Ode aos normais

 
Hoje venho homenagear pessoas normais
Gente que não teve um pai bêbado, mãe louca
Uma casa comum no lado sul da cidade
Onde ninguém morreu de doença ruim
Onde todos os rostos emolduravam sorrisos
Gente que não viveu nenhum amor tórrido
Antes relacionamentos mornos e lineares
Pessoas com mais chapéus que sapatos
Que caminham semi-gordos e satisfeitos pela rua
Os que querem e são queridos nos empregos
Sem tapetes a puxar ou desabar sobre um puxado
Com seus Rin-Tin-Tim e suas Lassies perfeitos
E os flautistas seguindo os ratos
Mulheres delicadas, sensíveis e amorosas
Cavalheiros extremos quase sobre-humanos
Malditos vendedores de falsas ilusões
Eu nunca serei normal, vejo trovões, relâmpagos
Faço caretas para me proteger nas esquinas
E me feri devorado por amores calcinantes
Plenos de emoções intensas e inesquecíveis
Entre minhas palavras tão retas, quão diretas
Pai louco e mãe bêbada, mas honestos
Um tanto esguio a esquivar de armadilhas
Caminhando descalço para sentir a terra
Dia a dia um trabalho de matar para não morrer
Meu cachorro branco e preto vira-latas
Minha vida imperfeita não pode ser melhor
Normais, que seu lugar esteja reservado no inferno!


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
Data
Leituras
642
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
0
2
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.