Poemas : 

TRÉPANO

 
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Está no relatório, que, sereno, apenas balbuciara que o outono esteve com ele por bastante tempo entre quatro paredes, todas pintadas em cores pastéis esmaecidas de sol, já não se lembrava mais do cheiro do vento, do ar marítimo que o embalou por tantas tardes beira mar... Olores que foram substituído pelo do éter e dos desinfetantes baratos aspergidos hora a hora no chão do longo corredor...
Imobilizado, perturbava-se, porque ao derredor as pessoas andavam desordenamente entre as desorientadas; vestiam alvos jalecos, uns azuis claros, outras entoucadas e com pijamas esverdeados...
Vozes em ecos de lata...
Fim de tarde, e um brando vento balançava as árvores e arbustos, numa dança vegetal, sons em redemoinhos num festival de folhas multicoloridas coalhavam o gramado bem tratado em volta do pavilhão, jardins e no calçamento em pedra pé de moleque da alameda da entrada principal...
Refletores, máscaras, pinças, bisturis e um monte de silêncio, eram as testemunhas, únicas...
Desde guando sentira ser levado semi-inconsiente para o centro cirúrgico, disse que uma imensa escuridão o abraçou e repentinamente...
SALA 01, HORA 14,35, ÓBITO, CID 10-146.
Nada mais se pode saber...

 
Autor
ZeSilveiraDoBrasil
 
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