Bem vistas as sedes dos teus olhares
Veem para dentro, melhor para fora
São cegos aos olhos de quem deseja
A fortuna viva, sorte grande aos pares
É ser além de si, a nobre senhora
Que em sonhos e ao vivo a beija.
Esta mão, sem ter a absoluta certeza,
Guarda um polegar seu escondido
Por graça, obra divina, acaso.
Esse polegar tem esta mão presa,
A palma, o contorno, um arguido,
Em sonhos e ao vivo, o sem prazo.
Futuro, dono do sempre, do jamais,
Rogo-te esse semblante ladino
De menina, de amante, de mulher
Que esteve perante os seus desiguais
Assim que me teve no seu destino
Nobre senhora, polegar, espere.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.