Vem comigo morrer em alforria,
Para te esqueceres do esquecimento,
Do por ti feito e desfeito, portento
incansável, viandante sem guia.
Morre-me e comigo num fogo lento,
Nessa ampulheta de clausura fria,
Numa âmbula a pena, noutra a alegria,
Como amantes e eternos num momento.
Tempo, escravo de ti e passageiro,
A parte mais cruel do amor primeiro,
A mais vívida quando tudo finda…
Levas a tela, o toque, o gosto, o cheiro,
Acabamo-nos ou não, talvez ainda
haja tempo para nos vermos na vinda.
31 de Dezembro de 2023
Viriato Samora