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Quem matou Salomas Salinas? - IX

 
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- Sió, deixa eu dar uma porrada nesse velho alemão safado – Explodiu depois que lhe contei o que o velho Kurt, um alemão decrepito e alcoólatra que dormia nas calçadas do Mercado Grande. Pertenceu a Juventude Hitlerista e dizia-se engenheiro elétrico, enganou-me levando um ventilador para consertar de um sobrinho do truculento delegado Luis Moura e não me devolvera, deixando em maus lençóis com o jovem que queria de voltar o ventilador de qualquer maneira ou entregaria o caso ao tio. – Mestre deixa esse velho filha da puta comigo. Dou-lhe um cacete baiano legal, quebrando-lhe a cabeça, quero ver o sangue desse maldito nazista descer e depois o pescoço. Esse desgraçado deve ter matado e torturado muito parente, agora vingar os meus antepassados – Falava sério, espumando de raiva e olhos injetados, odiava os alemães e o velho Kurt seria imolado como um bode expiatório. – É mestre infelizmente o senhor tá pedindo – desculpou-se depois de ouvir as minhas suplicas em favor daquele velho esfarrapado vivendo o seu inferno. Mordia os lábios para conter a sua ira ancestral.
- Salomas, meu velho amigo, ele já expiou todos seus pecados, deixa prá lá.
- Tá certo – disse chateado – Ele foi salvo pela nossa amizade, eu só queria largar isso – mostrou-me uma pesada fivela de um paraquedas – naquela testa nojenta. Assim vingaria todos os meus parentes trucidados e mortos por esses animais nazistas.

- Sió, vai rolar um pó! – exclamou-me batendo no meu ombro, era final de tarde eu soldava uma grade para a escadaria dele no quintal. Alugara o andar de cima para um candidato a vereador.
Um vai e vem nervoso de dois parceiros na cozinha ao redor da pia, onde jazia um prato e as carreiras da coca. Salomas eufóricos, ria e pulava alegremente como uma criança malina no auge de sua travessura.
- Mestre não quer dar uma cafungada na branca para desopilar as narinas? Vamos lá, mestre – insistia – O sió não quer relaxar um pouco? – Cruzou os braços cabeludos sobre o peito e encarou-me por alguns minutos até que acenei que sim e deixei o alicate de solda no chão – Ok! Mestre – cabriolando na minha frente correu para a cozinha, confirmando a minha presença. Os parceiros quiseram embarreirar-se, mas ele foi bem enfático e enérgico.
- Mestre Raimundo vai cheirar também, sim senhor.


 
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efemero25
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