Da tua varanda tens o luar,
Dentro da tua sombra desalmada,
O teu perfume na brisa a silvar,
Tens-te na tua estrela naufragada.
Tens da tua varanda ali o mar,
Lânguido de pujança disfarçada,
E cada onda morta faz-te lembrar,
A carícia ao teu corpo arrancada.
Da tua varanda onde tu nasceste,
Num vaso de solidão sobranceiro,
O que contas a quem não mais te vê?
Dirás porventura que ali morreste,
Ou que zarpaste num qualquer veleiro,
E eu apenas te pergunto: porquê?
06 de Abril de 2011