Tomados pela indómita vontade,
Devorados na eternidade lassa,
Castrados pelo tempo que perpassa,
São os filhos órfãos da sua idade.
Prisioneiros dalém liberdade,
Escorraçados dentre os cães de raça,
Imersos nesse sentir que os devassa,
Alimenta e corrói, como a maldade.
Passeiam-se entre a turba, indiferentes
às diferenças que mudas os contemplam,
Num assomo de lucidez profana…
E nos perdidos olhares das gentes,
As almas que exsudam e se atormentam,
Na heresia da virgem mariana.
Lisboa, 30 de Abril de 2021
Viriato Samora