Fujo no tempo, ausento-me do espaço,
Algures no meu feudo inexpugnável,
Empoeirado por chãos onde não passo,
Rendo-me à gravidade insuperável.
Beija-me a ironia e ajeita-me o laço,
Esse enfeite da corda insuportável,
Diz-me que o amor vale por ser escasso,
E esfuma-se num fragor entranhável.
Corro, trepo, salto, desapareço,
Esvaí-me e nenhuma sombra me viu,
Nem a morte, mas mesmo assim sorriu…
Quero a luz duma vela sem pavio,
Quero viver do fim para o começo,
Quero ser eterno em tudo o que esqueço.
01 de Outubro de 2010