O trem, o trilho e as paisagens
Que seja longo o trilho
do trem que virá me pegar.
Que eu possa, sem pressa,
caminhar beirando paisagens q' ele atravessar,
até encontrar a estação onde irei me acomodar
e a locomotiva, enfim, encontrará
passageiro pacificamente satisfeito,
para nela adentrar.
Azul-cinza
Um lago reflete o céu que parece
não saber se chove ou acalma.
E, o líquido treme
uma espera suspensa
enquanto nuvens parecem dizer
"não sei se sou dia ou presságio"
É o meio termo
entre o riso e o trovão
enquanto o vento desliza como
fantasma
o belo encontra a forma de melancolia
que acaricia sem ferir
e afunda o céu dentro dos olhos.
Reprimidas
Todas as vozes que fogem
da multidão no âmago,
deixo morrer na ponta da língua.
Quem poderia entender as incoerências
articuladas das intempéries do coração?
Vertical em desalinho
O vento revira fazendo levitar
por segundos, folhas coloridas
que antes, sobre pés, se amontoavam...
Outonicamente despida,
de galhos erguidos,
altiva
por saber-se
logo estará vestida,
árvore não é
De ramagens, ninhos e floradas,
desconstituída e de olhos fixos.
Na pele a queixa ardida
de quem vê partir
quem vestia-lhe a vida,
envolta em folhas agora
paralisada, solitária, nua
... no entanto, erguida.
Até qUe peRcEbeu qUe nÃo Era flOr - microconto
Então ela teve a ideia de esperar
pelo amor e o tempo veio mas não trouxe
nenhum beija-flor
O ADEUS DISSE SIM
Poeticamente entristecido
cobriu-me as cinzas de um dia de partida.
em tudo há tremor e vejo
que é de outros dias rindo inabaláveis
com o tempo escuro sobre eu
derramado.
distanciadas ficam alegorias das cores
no comboio da alegria.
órfão de margens, trilho solitário
indeciso branco amarrotado
em pensamentos rotos.
inteiros maciços aconteceres mais que
sonhos deveriam atravessar
os dias com a valentia de um pássaro
cruzando o vácuo azul-fantasia.
viajante mártir nas asas
do adeus imposto entrego ao
tempo o lapidar das sombras
véus do meu rosto.
encontra apenas as palavras
Queres sair por aí
sem do teu lugar se afastar, escolhe
as palavras que te
farão viajar pelo
ar, chão ou mar
mas não te esqueces
de levar teus sentimentos
seja amor, raiva
ou amargura,
conhecimento, alegria ou lamento,
quem sabe até aquela
saudade que se
senta do teu lado
ou aquele pecado
que te faz morder
os lábios. ..
Se não quiser
levar sentimentos
por pesarem em demasia
leva tão somente
a poesia
que toda carga
que vier
levitará com
primazia.
deixo - me ir no colo da poesia
eco
"Os poderosos podem matar uma, duas, três flores, mas jamais poderão deter a primavera."
O grito foi empurrado pro silencio.
Foi lutador enquanto ecoou e, agora, herói para aqueles que não se recusam a continuar ouvindo gritos da luta que foram, covardemente, enclausurados.
A pátria amada idolatrada, salvem, salvem! !
Eis que há espadas florescendo entre
flores e sangue
concorrendo
com rios
Como cuidar das
flores, sem ferir-se...
Como mergulhar
nos rios sem no sangue se manchar?
como enxergar
o lado de fora
sem deixar cego
o lado de dentro?
Não, não "podeis,
a pátria, filhos,
ver contente a
mãe gentil..."