Textos : 

67h

 


. façam de conta que eu não estive cá .




continuamente só.
quase sempre absurdo este discurso, de quem só constrói palavras se lhe falharem os gestos. continuamente só. quando me sento e me lembro, ou me sento apenas, apesar de no sentar caberem todas as lembranças, por isso às vezes penso que seria melhor ficar de pé, ainda assim sento-me, e se às vezes lembrar dói outras vezes nem por isso e é destas últimas que se fazem os meus sorrisos. lembro o teu corpo a passear-se com o meu pelas ruas, às vezes curtas, quase sempre compridas, a estenderem-se nos beirais das janelas das casas baixas, rente aos pés, a anunciar os vasos com plantas adormecidas, era isso até tu gritares silêncio e as plantas se levantarem e o sol se levantar e as ruas se encolherem e os nossos dois corpos acordarem a cidade inteira com gestos. eras tu a correr, ou não corrias e era a mim que me apetecia correr, e era eu parada, estática no meio da rua, à espera, não sei porque esperava, mas estava ali á espera, por algum motivo, que não me lembrava, esperava que a qualquer momento me largasses a mão e corresses rua adiante e alguma coisa na rua me segurasse os pés, me tombasse o corpo, me não deixasse correr contigo ou atrás de ti.

 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
757
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 14/12/2009 20:34  Atualizado: 14/12/2009 20:35
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: 67h
outra cidade findará e com ela morrerao as pedras e a calçada debaixo dos pes.estes que já estao mortos por nada sentirem.deus alugava uma estranha flor que só á noite abria as suas petalas e me entregava o seu coraçao.deus morou na rua que tu mandaste cinzar.morreu nos teus dedos silencio.e eu morri com este som intenso ,com este arfar demasiado amor.fechou-se assim a noite e o seu sorriso.porque coseram a boca,a tua boca e taparam-me o nariz,para que nao nos pudessemos beijar.

Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 14/12/2009 21:27  Atualizado: 14/12/2009 21:27
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: 67h
é no sentar que se sente... sentei-me sobre a pedra gasta pela erosão do tempo e senti o vento gélido trespassar-me os contornos do corpo, e adentrar...

beijo