Poemas : 

caímos pelos braços

 


Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

Caímos pelos braços, as unhas de papel cimento pintadas, e pela primeira vez as palavras ganham o tempo nos murmúrios salgados.

Dividimos, subtilmente, a matéria dada da terra choro, o copo de vinho na garganta de cinza e dizemos «amor» na hélice de corpo inteiro, na manhã encostada à cabeça.

Pronunciamos: bandolete.

E o corpo reflexo entra na luminosidade da esfera poema, frígido, por não ter cumprido a profundidade de cada verso.

Cada movimento do verso.

Antes, todo o corpo dissipava a linha ténue do sol, antes ainda, embalava o meu sono no ventre do algodão riso. Depois, arremessava-me as feridas, impetuosas, sobre a consciente densidade do inútil. Pobre, podre, inútil. Enquanto, neste insaciável abandono da carne dormia, o esperma frágil da constituição das asas de branco leve, impenetráveis.

Assim, comíamos a boca do tempo, a silhueta do próprio corpo, como se comêssemos todos os continentes da desordem, e pedíamos, enquanto tudo num todo de assimilava, a matéria viva, a transparência, do que foi feito o amor.
 
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Caopoeta
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Enviado por Tópico
Virgínia
Publicado: 29/08/2011 02:16  Atualizado: 29/08/2011 02:16
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Usuário desde: 21/04/2011
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 Re: caímos pelos braços
Eu gosto tanto dos teus escritos...Sempre venho aqui dar uma espiadinha,pois sei que verei poesia.
Obrigada!
Beijo em você