Poemas : 

[ … da cor a cereja que deixaste

 
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da cor a cereja que deixaste,
pelas alvas paredes do quarto

abriu-se a janela a mar,
e nestas divisões desertas que o meu corpo encerra,
fulgiu, tremelicando, a estrela da manhã.

Cauto seja o vento que entra repentino,
trazendo os corais e as madreperolas que sobraram
um dia,

como cada ilusão, como cada sonho
que a insónia escondeu.

Resiste o gorjear da cotovia,
que ouço ao longe,
resiste o mar que sei ao alcançe da mão,

a cor a cereja que deixaste,
ainda hoje me sorri pela noite
quando a tempestade abana os pilares.

Das manhãs, levarei os pássaros que entram no crepúsculo pela janela aberta a mar;
das manhãs, levarei as núvens onde eles adormecem que deixastes espalhadas por todos os cantos meus;

[resistir-me-ei à noite].




"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com





experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

"Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

fulgir - (latim fulgeo, -ere, brilhar, reluzir) 
v. intr.
Brilhar durante um breve instante.

cauto - (latim cautus, -a, -um) 
adj.
Que tem cautela ou prudência.


[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]
 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/06/2012 13:22  Atualizado: 28/06/2012 13:22
 Re: [ … da cor a cereja que deixaste para GrandePoeTa
toco


_________________________o rubro da parede em que se alinham as palavras
em que se inscrevem o Sentir e a Ternura
mesclado de prata

[será da Lua que deixaste
será das estrelas que semeaste]

e tudo se recupera pela palavras
nas palavras

fruto do que somos
mentiríamos se as recusássemos
pois
recusarmo-nos-íamos também

[tu sabes que, de todas aquelas vezes em que arriscámos um não, nasce um vazio com a dimensão do mar
mas com maré de rio]

como são fáceis as palavras à tua sombra! Obrigada pela fonte, pelo Sorriso :)

AbraçoT