
Um Vampiro Apaixonado
De todos os amores,
este é o mais prometente;
talvez exagere um pouco —
se for, é um pouco somente.
Era uma vez um vampiro louco,
em noite de grande lua,
com tremenda fome de sangue,
andando a esmo pela rua.
Na solidão deste instante,
encontrou, sentada na escada,
uma moça enleante,
no início da madrugada.
E, com olhos verdes-oliva,
a fitou do cabo ao rabo;
foi parando, extasiado,
com tamanha belezura.
A moça estava carente,
era de extrema candura;
um furor louco e apaixonado
invadiu aquele instante.
Um frenesi, um desatino,
no fogaréu louco do fascínio,
determinou o destino
desse amor tão urgente.
Um vampiro e uma humana,
o efêmero e o eterno,
num amor que não engana,
na contramão do moderno.
E voando foram os dois,
abraçados perpetuamente,
rumo ao infinito —
viver aquele amor ardente.
E, muitos anos depois,
quando eu olho o horizonte,
vejo sempre aqueles dois,
na decadência do imaginário,
amando-se eternamente.
Alexandre Montalvan
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