Poemas : 

Criança

 
Tu pegaste na minha mão
Não sei o que fizeste
Mas o cinza da vida
Esvaiu-se n’um branco
Indescritível em teus lençóis
Tu me tomaste nos braços
E eu, criança, vi
Teus olhos, teu rosto
Teu corpo de vales e cumes
Teu sabor e teu perfume
E te segui tal cardume
Por doces mares revoltos
Ao sol qual só teu abraço
E a cada orgasmo
Sentia-me no espaço
Renascido a cada vez
E tu, ora santa ora nua
Sabias-me menino assustado
Que tu fizeste homem
atônito e apaixonado
Homem perdido, a cada ausência tua
Fiz me desencontrado
Tu me mostraras caminhos
De onde não há caminhar
Agora que fostes, como posso viver?
Como voltar ao antes de tudo?
Como, sem me perder
Nessa multidão sem alma
Que erra os dias, erra a rua
Porque me fizeste quem só a ti fui?
E que nunca tive em mim para ser
Sonhei. Era tua janela fechada
Pensando ouvir tua voz
Corri à tua porta
Como quem foge do algoz
Acordei no vazio
Na sina dos que são sós


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


 
Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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