A flor de lis caiu do caule, esquecida,
tirou os saltos, seguiu ferida.
As lágrimas secaram na terra vazia,
e o jardim não floresce sem tua companhia.
Fui jardineiro de um sonho ausente,
mas só colhi espinhos, docemente.
Não posso mais fingir encanto,
aprendi que liberdade também é pranto.
Voe, vá sem olhar pra trás,
mas saiba que nem tudo se desfaz.
Só não crave em mim, ao partir,
o ferrão do que insiste em mentir.
Teus cabelos já não me tocam,
e teus beijos — memória que se desloca.
Ficou o silêncio no lugar da paixão,
e um desejo afogado no chão.
Hoje abraço o frio que deixaste,
mas é nele que a alma se refaz.
Teu calor? Passado que afaste,
presença que virou jamais.
O som do silêncio... agora grita.
Não há mais música, nem escrita.
É tudo que sobrou,
da flor que não vingou.
E se teus olhos um dia buscarem o meu,
verás apenas o que se perdeu.
Talvez não tenha sido amor,
apenas o reflexo de um sonhador.
Me perdoe, por sentir demais,
mas o que era pra sempre, já não é mais.
E a flor de lis, que um dia esperei,
foi só miragem...
que nunca reguei.
Entre tantas despedidas falsas essa foi a primeira, única e verdadeira!