NOVEMBRO
Samedi, 01 de novembro
Estou ficando um velho muito fulero e eu já era, agora redobrei de vez – na segunda recebi os proventos paguei quem tinha de pagar – comprei cinco livros na banca da dona Loura em frente ao Terminal da Praia Grande: Dashiel Hammett “A Chave deVidro”; Erskine Caldwel “Os Donos da Terra”; Historias de Stephen Crane”; George Simenon “Crime na Alta Sociedade” e o mestre amazonense Marcio Souza “A Irresistível Ascensão de Boto Tucuxi”-Fez muito sucesso no começo dos anos 80 - já li os últimos dois – e os resto do recurso escorreu pelo ralo, que dois dias depois estava sem um níquel, comprando litro de vinho fiado no Pére Cardin de manhã bem cedo e depois subia para espetar no Ed Paul e perturbar o meu compadre. E também perdi este caderno, mas tive sorte, o mestre Motinha o achou num dos bancos da Praça do Bacurizeiro e guardou. Ontem ao meio dia, o sr Vince o trouxe de volta. Aleluia! Também não comprei o desodorante Above, nem o sabonete Phebo, nem o leite de rosas e nem as pilhas para o radinho. Estou completamente cheio de doenças – garganta inflamada, próstata talvez, uma halitose dos diabos, ouvido sujo de cera que começou a empedrar e as minhas eternas frieiras nos dedos dos pés.
E assim vou carregando a minha cruz. A pressão sempre baixa – as mãos álgidas e fraco, qualquer esforço é um problema, o corpo todo dolorido, quatro dias sem evacuar – somente urinando. Mas o que me salva é a leitura desses bons livros que enriquecem a minha alma e me proporciona um grande prazer. Ouço Jaqueline du Prés interpretando Bach e sua suíte para cello 1 e 2.