Carrego no peito o peso do erro,
um ferro em brasas, lento e ardente;
cada desejo que busquei tão ligeiro
volta agora em forma de penitente.
Fui sombra fugindo da própria luz,
fui peregrino de abismos vazios;
abandonei o amor que me conduzia
por miragens feitas de ventos frios.
Oh, ilusões que me tomaram a alma,
promessas de gozos tão passageiros!
Dei meu sangue a beijos que nada eram,
perdi-me em jardins de perfumes traiçoeiros.
E hoje retorno ao silêncio do quarto,
onde meu coração ainda me acusa;
ele murmura que o preço da fuga
é sempre a dor que a culpa não recusa.
Assim me escrevo, verso após verso,
lavando o peito em lágrimas quentes;
que meu perdão nasça desta confissão,
Onde escrevo a dor nos pulsos permanentes.
Gyl Ferrys