
Versos Dissonantes
Quando tudo em que acreditamos
se eleva como nuvem sem destino,
e, cegos, ainda consentimos,
as crenças nos tomam por reféns.
São maiores que a razão,
se fazem doença,
corroem a bondade do coração —
e assim multiplicamos dores,
que, como vírus famintos, se alastram
e nos devoram em gangrena,
despindo-nos de bons pensamentos,
despindo-nos de qualquer poema.
Um longo inverno, de falsa claridade,
parece-nos benevolente,
mas é máscara que nega a verdade
e grita em nós traições e deslealdades.
Quando colheremos frutos de liberdade?
Quanto veneno dorme na semente?
Quanto fel se entranha no produto?
Quando a esperança se fará presente?
Pobre de mim, coberto pelo véu que me cega,
pobre de mim, que penso como criança.
Como rajadas lançadas a esmo,
somos a farsa que sustentamos,
somos apenas espelhos de nós mesmos.
AlexandrerdnaxelA
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