No gelo nocturno, numa clareira,
Várias sombras da não existência
Saúdam dançando a mais presente ausência,
À luz crepitante duma fogueira.
Crê-se no vácuo e na transcendência,
No sonho que se busca a vida inteira,
Na causa da pergunta pioneira,
Na génese remota da demência.
E o fogo vai ardendo em lume brando,
Espantando os insones animais,
Autofágico em solidão crescente…
Outro mais forte o breu virá queimando,
Pincelando a cores originais,
O mundo que assim vemos de repente.
05 de Julho de 2010