No meu peito fendido com um raio,
A luz do último instante alvoraçado,
Brilhou um brilho débil, apagado,
Velando o meu derradeiro desmaio.
Ainda vivo ou talvez ressuscitado,
Porta aberta sem saber se entro ou saio,
Caí no mundo, neste mundo onde caio,
No chão sepultado, no chão pisado.
O meu amor é fonte que não jorra,
A vida perde-se sem ter desforra,
O tempo é só uma palavra: inclemente.
E eu sou nesta página que se borra,
Cantarei no silêncio da gente,
Erguido dos mortos, como um valente.
14 de Dezembro de 2010