Poemas : 

reles

 
reles
este bolor que me aferra a pele
emurchecida e a revela enxuga ao sol d’Agosto

cega
a palavra madrugada na imprestabilidade de dias crus
raios
coriscos sem luz
reflectidos em íris sempre menina.

... rosas de pedra. ácida entrega.

… é a tempestade
a avançar por sobre o canto
é a monção alcantilada por sob cada laje,
cada gruta, cada fraga
aqui na ilha.

reles
fastidiosa
insípida e tão salobra, a água escorrida na vidraça.

quebrada
quebranto-me no vazio
(não, não sinto nada,
que não me sei, que não me vi ... tacteio o corpo e já morri.)

reles
retalho-me, sílica, em sede de mim.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 12/08/2008 18:57  Atualizado: 12/08/2008 18:57
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 1932
 Re: reles
Reles é o título não o poema!
Dias de tempestade, não admira ter chovido de manhã...

Este lirismo que me obriga ir ao dicionário é um enriquecimento individual que sinto te ficar a dever.

Brava!

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 12/08/2008 20:39  Atualizado: 12/08/2008 20:39
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: reles
Reles???
Pele emurchecida???

Minha Amiga, não vale enganar-me...

Belo poema!

Bjs

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 12/08/2008 22:11  Atualizado: 12/08/2008 22:11
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3100
 Re: reles p/ Mel de Carvalho
A escrita silenciosa em que se traduz este texto, ofusca o título e dá-lhe sinónimos com nome de flor.
Silenciosamente impecável.

Beijo