Poemas -> Esperança : 

a voz da minha consciência calou-se

 
Enquanto escavo na rocha granítica
com uma gasta picareta,
estilhaços de quartzo, feltespato e mica
sangram-me as mãos, os braços e as vestes.
Não sei que mina é esta que esgravato;
sei que fica
na distância que sobeja entre o aço e a pedra reluzente...
escavo ao ritmo cardíaco,
entre cada expiração forçada,
pancada a pancada.

Hiperclorito de sódio
lava mais branco.

Espeleologia...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
1081
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/10/2008 08:56  Atualizado: 09/10/2008 08:56
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Tanto a poesia bate na rocha que acaba por a furar. Gostei. Até porque esta temática da força da poesia me é cara. Abraço

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 09/10/2008 17:45  Atualizado: 09/10/2008 17:45
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Rogério,
Escreves com muita imaginação e graça tudo o que o espelho da tua alma reflecte.
Apreço
Nanda

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2008 02:42  Atualizado: 11/10/2008 02:42
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Calou-se a consciência mas a imaginação e a originalidade ocuparam-lhe o lugar! E que poema lhe renderam...
Beijinho!