Casa, trabalho,
trabalho, casa,
presos ao gatilho,
tanto quanto à bala.
[bebeu água benta
para se tornar santo,
matar a sede, bem morta,
sem passar a porta]
Dormir e acordar e dormir e acordar,
um repouso que se exercita,
uma vigília presente
que nos fala,
que dá brilho,
que nos aguenta.
Inspira
e expira...
Ganham memórias, glórias inglóras
e contam-nas
em histórias...
Eis a marcha dos repetentes.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.