O amor é puta rasca e disfarçada,
Doutro passo, uma bicha-solitária,
A postiça afeição mais ordinária,
As melhoras da morte anunciada.
A alma do vate bem vive enganada,
Hiberna na sua asneira lendária,
Aqui e em toda a órbita planetária,
Acorda enquanto sonha a madrugada.
No peito entranha-se, como as entranhas,
Fende planícies, arrasa montanhas,
Finge ser o sol o clarão dum raio…
Por isso a razão o olha de soslaio,
Falso Setembro vendido por Maio,
Desgostoso gosto das suas manhas.
07 de Janeiro de 2011