Som do Vento
Som do Vento
by Betha M. Costa
O som profano e barulhento do vento,
O meu silencio e dor não consome,
Castelos nas nuvens eu invento,
Para o amado Homem sem nome.
Ainda que nos braços outro me tome,
E a mim seja ele tão santo e atento,
O som profano e barulhento do vento,
O meu silencio e dor não consome...
Saudade é um sentimento cinzento,
Que ao coração causa grande fome,
Na paleta das cores é um elemento,
Incapaz de alegrar a quem ame,
O som profano e barulhento do vento...
Alento
Os acordes espraiados
mimam novamente os momentos
que, delicados, me vêm à memória
Os timbres acoplados
são esteira que o querer rasura
pois, em intensidade dura, fazem-se estória
E as cadências espiraladas
caindo desgovernadas na minha mão
vão e voltam, de emoção em emoção
Oh! puro som que te acomodas
sorvendo do meu sentir em êxtase
vem com teu ênfase e toda a tua intenção
move montes e move vales
conforta-me e dá-me liberdade
numa inspiração que dilacera e me invade!
Nininha e Rodrigo Lamar
31/08/2016
Pedi à voz
Pedi à voz que fosse engano,
Um murmúrio passageiro do meu coração.
Pedi que boatos fossem descrenças,
Pelo ruído provido da audição.
Pedi que o sofrimento fosse mentira,
E que o mundo não fosse conspiração.
Pedi à voz o cessar da nostalgia,
Aonde os sons impedem-me de abdicação.
Supliquei que não houvesse diferença,
Entre a realidade e a ilusão.
Pedi que os corpos fossem ausentes,
E que as almas se aliassem por oração.
Pedi à voz que entendesse meu desejo,
Em tablatura simples, de fácil repercussão.
Supliquei a cura a este mundo doente,
Que carece de uma canção.
Pedi à voz o carinho,
Que tanto vagueia sem uma mão.
Pedi que falasse-me baixinho,
Poesias tolas sem explicação.
Pedi à voz tanta coisa,
Tanto sonho, tanta ilusão,
Que após ouvir sua resposta,
Pedi à voz que encerrasse o som,
Da batida em dó, vinda sem ré,
De ti, em meu coração.
O problema visa brincar com a voz, e não com o pronome vós.
Poema zen
Este poema existe, porque eu o criei.
Talvez ele passe despercebido...
Talvez nem seja reconhecido,
assim como uma grande parte da população,
também não é.
Ele não tem coração,
assim como muita gente não tem,
mas não faz mal a ninguém.
Este é um poema Zen...
Basta fazer este som,
para você ficar bem:
Ommmmmmm...
Ommmmmmm...
A.J. Cardiais
02.04.2010
imagem: Google
Caravela dos sonhos
Uma garrafa
bem cheia desse líquido alucinante;
um cigarro
bem forte e dolorosamente consumível;
ao longe ... suspiros ...
amantes natos e, música!
um mundo imaginário,
flutuante,
onde as águas sobrevoam o céu
e as plantas mostram as suas raízes,
em céu aberto, coberto de sol e água...
um mundo onde os astros
beijam o chão que os cobre,
e o homem sente, na pele,
o sangue que lhe falta no corpo;
um salto de cavalo de crinas de prata
e um berço mundo de homens moribundos...
e na garrafa a caravela dos sonhos;
e no fumo do cigarro a alma que se espaira!
... e os suspiros ... tu e eu ... adormecidos!
... tu e eu adormecidos um do outro
embebidos na bebida que nos absorve,
queimados lentamente até às cinzas,
e a lua, cinzeiro de pó, candeeiro em fogo
que se consome, por si, em nada!
enquanto nós, tu e eu ...
... amantes natos ao som deste som ...
... ... ... ... ... ... ... ... hum!
cdjsp
Na praia da vida
Somos olhos bem abertos
Com fome de utopia.
Seremos lenda viva,
Símbolos alcançados
Na mão do sonho real,
Sempre leais à lenda que somos.
Voando sobre mares e praias,
Colhendo nas areias o suave toque
Do tempo que desfez a sensação,
Sentimos na tua força
E nos teus olhos a coragem
De seguir mais um dia,
Cavaleiros da vida sem fim.
Viver assim
Na imortalidade
É desejo de viver para sempre
No momento curto que fomos,
No equilíbrio que procurámos
Entre acordes de esperança
E gomos de realidade.
Deixámos o som soar,
Tal como as tentações
De desesperar por uma pausa.
A pausa eterna do tempo quieto,
Anulado pela nossa força,
Manipulado pelos nossos fracos braços
A nadar para o infinito.
Ouvir o som da alma
E ignorar o que foi dito.
Ignorar a palavra corrompida,
Nesta praia que somos nós
E é realmente a da nossa vida.
O som da harpa imortal
Não te emociono com as minhas palavras e frases de amor,gestos e demais atos.Te emociono pelo fato de ser a unica pessoa que te trata como você merece.E de estar sempre presente,nenhum lugar do mundo,por mais longa que seja a distância,um dia irá ser capaz de nos separar.É um amor imortal.
Não há água que apague essa chama,calor que seque essa flor,e impurezas que destruam as leis da física e natureza.Se você chorar,é porque percebeu...
Que eu estou aqui,forte e moral com as realidades.Cheguei ao ponto certo,risquei o melhor traço,desenhei pra ti a mas bela forma.Porque eu não te amo,eu te respeito e te dou valor.
Em primeiro lugar imponho o que eu preciso,e você,sabe que eu sou apenas um poeta,não apaixonado,e sim recaído por um sentimento imortal.Um anjo não pode me flechar,antes disso,uma harpa começou a tocar,não definiu isso como amor.
E sim um som que veio do infinito,provocando a IMORTALIDADE.
Thábata Piccolo
Curitiba,Verão 2010.
Valsa sepulcral
Esfuziantes, em trapos rotos de sedas antigas,
bailavam céleres ao sabor da brisa noturna,
sobre vetustas lousas, cruzes e lápides amigas,
ao som de sinos azinavrados, melodia soturna.
Como um casal qualquer, ali rodopiando o par,
a quebrar o silêncio, sons de ossos a intrusar.
Deslizam os dois compartilhando segredos,
conjurando um amor que resistiu à morte;
ossadas alvacentas levantadas dos lajedos
como se ignorassem o que lhes deu a sorte.
Trocando palavras sobre os tempos de outrora,
havia encantos, mas não dançavam como agora
A bailar, tão branca dupla solitária deslizava;
à dama seu cavalheiro cortês, mesuras cometia;
os crânios descarnados amiúde o par colava,
cúmplice olhar emanava chão da orbita vazia.
Executavam a antiga valsa com muito regalo,
embevecidos ambos, até que cantasse o galo
Se noctívago passante mirou por indiscrição,
pelo portal da necrópole através da fresta,
vendo ossos silenciosamente mal tocando o chão,
fixos os olhos arregalados, ante visão funesta.
Arrepio teve, terror mirando tão dançante o casal,
ossos insepultos a bailarem alegres, a valsa sepulcral
DO LAÇO ENTRE O SILÊNCIO E A AMPULHETA AO SOM DAS CORES DA CANETA: um pequeno conto de amor
Contida em papéis escritos e amarelados {de tanto serem manipulados} contando um tempo em que a lua já não era nova mais, mas ainda não estava cheia de tudo, havia uma estória entre um sorriso cego e uma tristeza surda-muda que não se continham em querer se achar. Tão intensa era a vontade dos dois de se encontrarem, que o sorriso virou tristeza, e a tristeza virou sorriso...
Mas mais era sempre preciso...
Dizia a tristeza cega ao sorriso surdo-mudo:
- Estou triste, mas ainda não consigo te ver chorar ou rir.
Dizia o sorriso surdo-mudo à tristeza cega:
- Estou feliz, mas ainda não consigo te ouvir rir ou chorar.
Era tão precioso o amor entre os dois, que eles resolveram jogar o sorriso e a tristeza fora, bem longe, embora... Então trocaram seus olhos e ouvidos... E todas as suas cores-dores nos corredores dos sentidos. E todos os seus suores-sons. E todos os seus tons, bons ou ruins... Trocaram seus prazeres e seus ruídos: seus gemidos, seus silêncios.
E viram bem e ouviram bem a tristeza e o sorriso... E o chorar e o rir {precisos na imprecisão do tempo} no tempo um do outro. Como alguém que encontra uma supernova cadente no céu...
Então eles amassaram aqueles papéis escritos e amarelados contendo luas já passadas, e os jogaram na gaveta da memória de um cometa sem rumo. E nele viajaram até a constelação do nada, sem papéis; somente sentimentos e sentidos. E viveram vendo e ouvindo tudo como nunca.
Mas mais sempre era preciso...
Origem da postagem no meu blog: http://sarahkundalini.blogspot.com.br ... encio-e-ampulheta-ao.html
Crianças
Imagem - google
Crianças
Eu acho que não há melhor decoração
Para se enfeitar o ambiente de um lar
Seja em casa humilde ou em mansão
Do que haver muitas crianças a brincar
Eu penso que não haverá melhor som
Que em nossos ouvidos possa penetrar
Que ouvir muitas crianças em bom tom
Em cirandas pelas calçadas a cantar
Melhor que pinturas de natureza morta
É ver crianças passando em nossa porta
Representado o futuro de uma nação
Pois na cabeça de qualquer inocente
Não há nada que seja coisa indecente
E tudo é motivo de grande emoção.
jmd/Maringá, 15.05.10