Todas as noites lá vem ter comigo,
Sorumbático, o espectro magistral,
Todas as noites, como um ritual
Perpétuo, com aroma de castigo.
O seu verbo é um nome que não digo,
O rosto oculto é comum e irreal,
Vive em qualquer soneto de Quental,
Além de meu jazigo é meu abrigo.
Numa mão o facho que o breu estala,
Na outra a semente do luto dos dias,
Mais poderosa coisa não se vê…
Um perfeito impossível não-sei-quê,
Sem asas, sem corpo quente e mãos frias,
Todas as noites calado me fala.
19 de Agosto de 2009