Leva nos olhos a olímpica chama,
Vai cego, por instinto caminhando,
Inspirando o ópio do amor que inflama,
O peito quente sem nenhum comando.
Sabe as coisas da vida pela rama,
Assobiando e o medo espantando,
Quer pela palavra tomar a dama,
Tanto que com o dia vem sonhando!
Perante ela assim lhe disse e foi mágico,
Sentiu-se um deus, mas sem eira nem beira,
Porque os anos devolveram-lhe a asneira…
Só tu, ó morte, és para a vida inteira,
Como esse vil sentimento autofágico,
Que tem de falso o mesmo que de trágico.
02 de Agosto de 2012
Viriato Samora