✿DESCEM OS LOBOS À ALDEIA*
Descem os lobos à aldeia
Em noite de lua cheia
Uivam ferozmente
Fecham-se as portas, as janelas das casas
Com medo da alcateia, quando na verdade
Fechamos as portas à vida
Às gentes que nos pedem ajuda
Somos egoístas, maus de caráter
Temos medo de tudo e de todos
E não é dos lobos
Sente-se o cheiro da lenha a arder
Das lareiras cheias de gente ou vazias do nada
Se tiver de morrer, morro de pé
E não subjugada a mentes hipócritas
Falsas com o coração de pedra
Pessoas que fazem as coisas
Ou dão com segundas intenções
Maldosas e muitas vezes ignorantes de si próprias
Que gostam de humilhar e escravizar os outros
Descem os lobos da serra à aldeia de noite
À chuva, ao vento
Ficam as marcas na neve, como punhais
Que deixam feridas no peito e na alma.
Perdemos o respeito
A liberdade
E somos devorados
A culpa não é dos lobos
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Estou triste, desiludida e cansada 🌹
Estou triste, desiludida e cansada
Das dores que me castigam
O corpo e a alma
Das injustiças, de tanta falsidade
E a hipocrisia do ser humano
De ver as pessoas a viver de aparências
De ver tanta desigualdade
Entre ricos e pobres
De ver tanta maldade, que fazem às crianças
De tanta incompreensão no trabalho
Das falsas promessas dos nossos governantes
De conviver com pessoas egoístas
Maldosas fúteis e inúteis
De ver prosperar a impunidade
A nossa justiça é cega
De ver tanto sofrimento, no abandono dos velhos
De tanto desamor, entre pais e filhos
De ver tanta falta de fé e de esperança
De ver portas fechadas para quem mais precisa
Que mundo é este em que nós vivemos?
Lavo a minha alma triste
Num terror latente
De gelado mar de tanta desilusão.
🌻🌹
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
✿Mulher transmontana força da natureza ღ
Mulher transmontana
Força da natureza agreste
Amora silvestre da terra das fragas
Discreta afável onde esconde o choro
Vestindo de negro num riso franco
Saudade luminosa como um farol
De uma força e suor na luta do dia a dia
Transformado em pão nos campos da solidão
Mulher doce forte que grita ao vento toda a sua dor
Beleza exterior com o dom da vida
Guerreira que luta pelo amor adoça a tempestade
No seu peito, da razão, da unidade familiar
Do coração, da força, da coragem
Mulher transmontana enfeitada ao luar.
A minha Mãe é a mais bela
De todas as mulheres transmontanas
O seu berço, o seu lar é Trás-os-Montes
Aonde quer que se encontre, traz
Nos olhos a luz do sol a arder
Rios de sangue a correr de esperança
Mulher forte, corajosa e mãe-heroína
Chama de esperança, força da natureza
Sem louvores ou medalhas, de agreste
Sentimento pela raiz das tuas dores
Que te criou entre o frio da noite
E o calor do sol de extrema saudade
Bendita sejas mulher transmontana
Pelas fragas da tua beleza natural
Nesta terra de giestas floridas de ternura.
🍂╭•⊰ 🌺
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
ღ ESTA DEPRESÃO QUE ME QUEIMA*
Esta depressão que me queima a alma
Seca-me o sangue, seca-me o coração
Aperta-me o peito contra uma rocha
Fere-me o corpo com a escuridão
Deste castelo que é esta vida
Maldita e bela
Com fome e tudo e nada
Sinto-me gelada
Arder no fogo de um tronco da árvore
Do poço profundo que é a minha alma
Olho para mim e não me reconheço
Já não sei quem sou
Serei um pedaço de carne podre
Sem sangue sem alma
Neste mundo selvagem e feio
Como uma peste de inveja e ódio
Sinto a minha alma gelada e morta
Como se fosse as águas do rio
Choram de amor, choram de frio
Choram por tudo e por nada.
Quando me vi ao espelho
Não reconheci a minha alma
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
✿DOURO DOCE ღ
Margens calmas, vinho do douro
Javali feroz, lamaçal esquecido
Barro escuro, terra quente
Gemido de dor, vindimas das gentes
Tempestade fria, chuva de pedras
Noites sombrias, telhado de ardósia
Terra escondida, tímido destemido
Sangue entranhas, porco matança
Lebre fugida, sentimento esmagado
A videira que chora, com saudades do podador
Vinhas entre escadas de tantos socalcos
Ó douro doce que és tão lindo
Com as tuas vinhas não há sitio mais bonito
Deste nosso amado Portugal
É nas margens calmas do douro
Que as videiras
Dão o tão saboroso vinho do Porto
Os barcos rebelos navegam com sentimento
transportando as pipas de vinho do Porto
Que tanto gostamos de beber
Douro doce como as suas uvas
O rio corre com força
Desejando ferozmente o mar
O rio Douro é uma poesia
As suas águas lavam a alma a quem o ama.
O amor é como uma montanha
Sobe-se a amar e desce-se a odiar
🍁🌻
Isabel Morais Ribeiro Fonseca.
*SENHOR QUERO AMAR-TE ღ
Senhor quero amar-te
Com toda a minha força
Com toda a minha alma
E com todo o meu coraçãoღ
Senhor este novo dia
Dá-me a luz dos teus olhos
A melodia dos teus lábios, da tua boca
O calor das tuas mãos do teu abraço
Mas acima de tudo Senhor
Dá-me o amor do teu coração
E não deixes arrefecer a minha almaღ
Senhor, quero começar o meu dia em paz contigo
Comigo e com os meus filhos e o meu marido
Hoje não me apetece rezar
Vou fechar a minha boca e abrir o meu coração
Hoje vi que a minha oração
Seria inútil e um ato de hipocrisia.
Sinto-me gelada e vazia, por dentro como este dia
Sobretudo hoje sinto, uma necessidade imensa de ti
A minha oração de hoje e só para te dizer
Que me sinto abatida e sem vontade de rezar
Aumenta esta minha Fé muito fragilizada.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Tribos de Escritores de Sites da Internet (rebostagem - ¬¬)
Imagem Google
Tribos de Escritores de Sites da Internet (rebostagem - ¬¬)
by Betha Mendonça
Esse não pretende ser um trabalho científico.É fruto da observação desta amadora presunçosa sobre a diversidade, boa em qualquer ramo da atividade humana, nos sites de literatura na grande rede.
Na escrita onde as matérias primas dos textos são imaginação, conhecimento e criatividade; a heterogeneidade de padrões, pensamentos, atitudes e outros são excelentes fontes de aprendizado. Tentarei dar face a alguns desses grupos ou tribos:
Religiosos – têm fé exacerbada e inabalável.Falam de crença, luz, esperança. A graça Divina e os poderes no Ser Supremo estão de alguma forma presente nos seus trabalhos que enchem os olhos e coração de quem os lê de paz.
Góticos – costumam usar avatares assustadores e/ou deprimentes.São profundos. Dizem das mazelas do nosso interior e da humanidade. Transitam no céu e inferno, na crença e descrença com a velocidade do Trem Bala. Suas obras, em alguns despertam consciências adormecidas, em outros (mais sensíveis) o desejo do suicídio imediato, que é controlado com a leitura dos escritores religiosos.
Comadres – são flores de criaturas. Falam da natureza, de sentimentos e sensações femininas. Aos mais letrados soam piegas e sem nenhum talento.São literalmente amigas do peito.De vez em quando têm umas rusgas seguidas de pedidos de desculpas e lágrimas.De tanto que distribuem carinhos e beijinhos entre si, nem são consideradas escritoras por alguns de seus pares que acham que essa Tropa deveria estar em sites de relacionamentos e não de literatura.
Intelectuais – escrevem como em hieróglifos.Suas letras são complicadas, com teor carismático, metafísico, difícil ao entendimento dos reles mortais.Só eles e sua inteligência acima da média conseguem compreender e discorrer sobre suas grandes obras. Não ousam sujar seus literatos olhos em trabalhos, que segundo sua ótica e medida ,não possuam pelo menos dois dedos de profundidade.Alguns têm cocientes de inteligências, sapiência e egos tão grandes que deveriam abrir sites de literatura só para eles. Nesse seleto grupo também existem os compadres que fazem entre si homenagens em formas de versos e prosas.
Novatos – são escritores que vão do medíocre ao mais puro brilhantismo. Chegam com suas letras onde já existem tribos antigas e mesmo que escrevam um texto no nível de grandes autores da literatura mundial têm leituras que não atingem nem dois dígitos. Depois de algum tempo engrossam um dos grupos já formados e vêem chegar outros que passarão pelas mesmas provações.
Populares ou Estrelas – de tão famosos no sítio na maioria das vezes nem precisam escrever um “A”. Postam um espirro e explodem o contador de acessos! Têm números espetaculares de comentários a dizer sobre o quanto o espirro é importante para limpeza da árvore respiratória, de quanto foi rítmico, belo e bem colocado aquele espirro. Alguns se emocionam e vão às lágrimas.
Ainda existem outros agrupamentos: os omissos, os mureiros, as fifis... Que são tão importantes dentro do contexto de um sítio literário internético quanto os já citados e serão matéria de outro ensaio.
Aos que se perguntam como ela pode ser tão crítica e pretensiosa, e, vir aqui “catalogar” estilos e pessoas?
Simples: olhei para dentro de mim e encontrei no meu interior um pouco de cada um deles e delas!
O rio transborda de dor chuva de fragas 🌸
A chuva cai intensamente
O rio transborda nas margens
Lameiros cheios de água donde
A ponte velha de fragas vai submergir
As lágrimas descem na saudade
A solidão perdeu o ar e não se consegue ver
A alma chora o que é inevitável
O coração sofre como a chuva que cai
Onde o rio transborda de dor
Num mundo de ilusão, sem sentimentos
Um temporal de emoções , voz amarga
Gasta de esquecimento, ferida no horizonte
A chuva cai o rio vai transbordar na ponte
Das lágrimas perdidas
Na dor, com um sinal de esperança
A angústia que falo que o amor às vezes
Faz sofrer demais ausência de alguém
Aquela que por ti sofre na solidão
Angústia tão grande deixa-me tão vazia
Faz parar no tempo tira-me a alegria
Faz-me ter medo lindo segredo
Jamais esquecerei jamais o terei
Sei que nada sei sinto o que falei
A dominar o olhar que descobriu não ouviu
Poderá me tirar a angústia de que falo
Que sinto, que vejo sou a tempestade que passa
O tempo que foge a flor de um jardim
O aroma do café um perfume forte
Uma carta rasgada as dores de alegria
As lágrimas de esperança na chuva de fragas
🌸👒
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Canta o galo em cima do telhado 👒
Canta o galo em cima do telhado
Velho de podre a cair aos pedaços
Dormem os campos serenos
Agitam à passagem de uma suave brisa
Que acompanham os meus passos
Dormem sossegados já sem desassossego
Dos dias de férias passados na aldeia
Das idas à barragem do Azibo
Água fresca, limpa, de pedras e fragas
Caminhos de lama, trilhos de fragas, de pedras
Pelas ruas de casas caídas em ruínas
Onde as migalhas de pão caíam no chão
De soalho, tábuas corridas
Onde outrora não havia fome
Havia trabalho, trabalho duro, de sol a sol
Onde o pão não faltava e alegria também não
Ouvia-se o riso e o cantar das gentes
Das crianças a ir para escola alegres e felizes
Com um pedaço de pão na algibeira
Agora é só dor da partida, partida permanente
Onde vai-se e não voltam
Casas em agonias e tormentos onde
Os velhos gemem as suas mágoas, os seus desenganos
Embriagam-se nas dores que os atormentam
Prostram-se cansados pelos anos
Choram no banco da igreja, no banco de um jardim
Perdem o rumo da vida, da alegria
Como se navegassem sem mastro, sem leme
Das aldeias perdidas esquecidas e dizem
Estes velhos sábios das nossas aldeias
Hei-de morrer algum dia.
As saudades
São flores na alma
🌹👒
Isabel morais Ribeiro Fonseca
Sou uma sereia que anda perdida 🌹
Sou como um barco perdido
De um pirata adormecido
Que vive encantado pela sua bela sereia
Que canta nos seus ouvidos e gela-lhe o coração
A tempestade e o vento balançam o navio
Com o seu corpo vazio e sem emoção
Perdido de amor está pela bela sereia
Que não vê que está perdido
Neste mar encantado do seu amor e paixão
Lá vai a sereia perdida anda à deriva num barco
Sem rumo, nesta tempestade de amor e de desilusão
Levando consigo um coração frio, gelado
Com medo das palavras servir, partilhar, verdade
Liberdade, amigo, sorrir, falar, ouvir, dialogar
Compreensão, confiança, compaixão, ternura, amar
Anda à deriva, a nossa sereia neste barco sem rumo
Com medo das palavras fortes que tocam
O coração gelado que derrete com medo
Somos como areia e o mar, juntos e enrolados
Quero amar-te como as nossas bocas sabem amar
Queria ser uma sereia para ver as estrelas do céu
Beijar-te esta noite a saber a sal
Amar-te como os salpicos,de água salgada na tua pele
Encontrar-te no mar e perder-me na areia
Quero amar o cheiro a maçã da tua pele
O brilho dos teus olhos castanhos
O sorriso dos teus lábios da tua boca
A minha pele com a tua, os meus olhos nos teus
Os meus lábios em ti com cheiro a hortelã na tua boca
Sou uma doce sereia que anda perdida no mar.
🌸👒
Isabel Morais Ribeiro Fonseca