Lá vens tu dizer-me, sol lutuoso,
Dos teus ermos esconsos, dos abismos,
Dos lugares onde tu, radioso,
Estendes ao mundo a luz dos cinismos.
Onde não raias é onde mais pouso,
Na alma das tormentas, dos cataclismos,
Nas pedras tumulares do meu gozo,
Na vida que se perde sem lirismos.
Nos epitáfios, nos seus dizeres,
Quão me iludo nas sombras eternas!
E erro desgraçado pelas tabernas…
Dores antigas em eras modernas,
Dedico-as a ti quando anoiteceres,
Ainda que o dia acendas sem me leres.
06 de Outubro de 2009